A Universidade Estadual de Londrina celebra um feito inédito conquistado por um grupo de pesquisadores do Centro de Ciências Biológicas (CCB) envolvidos no desenvolvimento de um biocurativo de identificação rápida do tipo sanguíneo. Batizado de Blood Aid, o produto foi escolhido por uma agência de publicidade sediada em São Paulo para “estrelar” uma campanha e concorrer em diversas categorias da 71ª edição do Cannes Lions, realizado na luxuosa região da Riviera Francesa, entre os dias 17 e 21 de junho. O resultado foi surpreendente, rendendo três Leões de Bronze para a agência DM9 São Paulo na mais importante premiação da publicidade mundial.
Para compreender os objetivos e aspectos inovadores do biocurativo, que conquistaram os jurados, a Agência UEL conversou com um dos coordenadores do projeto que deu origem ao Blood Aid, o professor do Departamento de Microbiologia (CCB) da UEL, Gerson Nakazato.
Ele explica que a proposta do grupo de pesquisa foi desenvolver um produto capaz de realizar a tipagem sanguínea diretamente em uma matriz, no caso, o papel. Visualmente, o produto se assemelha a um adesivo, o que explica a semelhança do nome com a famosa atadura para ferimentos leves, o Band-Aid.
As etapas iniciais da pesquisa envolveram a escolha do material, a impregnação dos soros que reagem com o sangue para fazer a identificação e a diluição das soluções fisiológicas para a otimização da reação. “Depois de muitos testes e padronizações, chegamos no curativo para tipagem sanguínea”, conta o professor, coordenador do projeto ao lado da colega de Departamento de Microbiologia Renata Katsuko Takayama Kobayashi.
Para ele, a força do produto Blood Aid envolve a sua agilidade e praticidade na hora de realizar o teste sanguíneo, principalmente em localidades remotas, sem acessos aos laboratórios para transfusão de sangue. Ao mesmo tempo, a inovação ganha ainda mais força quando contrastada com um problema social de países como o Brasil, onde cerca de 40% da população desconhece o próprio tipo sanguíneo. “Outro aspecto importante é o desenvolvimento de um kit a partir deste curativo para a tipagem sanguínea caseira, similar ao teste de glicemia de farmácia”, acrescenta Nakazato.
Leão de Bronze
Todas as características, conceito e resultados foram explorados pela agência DM9, cuja campanha publicitária conquistou o Leão de Bronze nas categorias Design, Direção e Creative Data. A agência ainda levou quatro ouros, quatro pratas e outros cinco bronzes, divulgou reportagem do site Meio e Mensagem, se tornando agência de publicidade brasileira com o melhor desempenho em Cannes.
Tecnologia
Por envolver uma série de aspectos inovadores e recursos tecnológicos, a UEL já realizou o registro da patente do Blood Aid junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Este processo foi conduzido pela Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) e representa uma etapa muito importante para a trajetória acadêmica dos integrantes da equipe de pesquisadores.
Além de Nakazato e Kobayashi, completam o time as docentes Sueli Ogatta, Lucy Lioni, Phileno Pinge Filho e Eliandro Reis Tavares; as doutorandas Bruna Carolina Gonçalves e Isabela Madeira de Castro; e os mestrandos Victor Hugo Montini, Natália Yukari Kashiwaqui e Guilherme Ferreira Correia.
Assessor da Aintec, Marinno Arthur explica que a UEL também irá formalizar um contrato com a agência de publicidade com vistas para alavancar o desempenho do produto no mercado de produtos hospitalares. O objetivo é levar o conhecimento e a tecnologia desenvolvidos na UEL a mercados do mundo todo, promovendo o desenvolvimento humano e a obtenção de novos investimentos em pesquisas na UEL por meio de royalties.
A campanha publicitária foi patrocinada pela multinacional Dasa Integrated Health System, que já vem utilizando o biocurativo em suas unidades no estado de São Paulo. Conforme a empresa, o Blood Aid substituiu curativos comuns e impactou cerca de 30 mil pacientes. Destes, 14 mil se inscreveram no banco de sangue e nove mil agendaram outros exames de saúde.