As estatísticas de arboviroses em Cascavel continuam a crescer. O novo boletim, divulgado pela Secretaria de Saúde, aponta que, desde julho do ano passado, já foram registrados 65 casos de dengue, sendo 4 a mais que na semana anterior. O cenário com a febre chikungunya é ainda mais preocupante, com 487 confirmações até o momento.
O bairro Brasmadeira segue como o local com a maior incidência de casos. Os bairros vizinhos, como Interlagos, São Cristóvão, Morumbi e Periollo, também apresentam altos números de infectados, refletindo um surto significativo na cidade.
Durante nossa visita a esses bairros, as imagens que encontramos reforçam um dos principais motivos do aumento no número de doenças: o acúmulo de lixo, exposto à chuva. Esse cenário facilita a formação de focos para o mosquito Aedes Aegypti, que deposita seus ovos na água acumulada, perpetuando a transmissão de doenças como a dengue e a chikungunya.
Dona Zenaide, moradora do bairro, está indignada com a situação. Sua filha foi internada com febre chikungunya no dia anterior, e ela acredita que a falta de conscientização sobre o descarte adequado de lixo é um dos principais responsáveis pela propagação das doenças. Perto da casa de sua filha, encontramos uma caixa d'água abandonada, um verdadeiro berçário para os mosquitos. Além disso, uma gaveta de armário cheia de água foi encontrada em outro terreno, evidenciando a negligência com os cuidados preventivos.
Em outros pontos, a situação também é alarmante. Mesmo com cercas em lotes para evitar o descarte de lixo, muitos ainda insistem em jogar resíduos nas calçadas. Um exemplo disso é uma carroceria de caminhão, que foi transformada em depósito de lixo. Nelson, morador da região, observou uma pessoa carregando um armário para o local, sem imaginar que ele acabaria servindo como um criadouro para os mosquitos.
Em resposta à crescente preocupação, a Prefeitura de Cascavel reativou o programa Cidade Limpa, que realiza o recolhimento de resíduos e a roçada de espaços públicos, com base em um mapeamento das áreas de maior incidência de arboviroses. O secretário de Saúde destacou que os locais mencionados já foram limpos pela equipe, mas a fiscalização precisa ser intensificada para evitar que a situação se repita.
Apesar dos esforços, o combate às arboviroses parece ser um trabalho sem fim, e a conscientização da população continua sendo um dos principais desafios para frear o avanço dessas doenças.