Uma imensa festa junina, com boa música, no coração de Londrina. O já tradicional Concerto Comemorativo de São João, promovido pela Orquestra Acadêmica Bravi, chega à sua terceira edição e é realizado, pela primeira vez, em um espaço aberto e público: a Concha Acústica (Praça 1º de Maio). O espetáculo começa no entardecer deste domingo (15), às 17h30, e conta com patrocínio da Prefeitura de Londrina por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC). O espaço contará com cobertura e o evento acontece normalmente, mesmo em caso de chuva.
O universo lúdico e poético das noites de São João, com o céu enfeitado por bandeirolas coloridas e repleto de sabores típicos, estará traduzido nos acordes de treze músicos da Orquestra Bravi, executando instrumentos de cordas friccionadas (como viola, violino, violoncelo e contrabaixo). Com eles, um quarteto de convidados especializados em música popular brasileira, que, pelo segundo ano consecutivo, temperam de brasilidade as sonoridades clássicas: o violão sete cordas de Gustavo Gorla, a percussão de João Rissi e Marcello Casagrande, e os vocais de Paulo Vitor Poloni. O Concerto tem direção artística e regência de Jhonatan Santos, que, à frente da Bravi, faz do conjunto orquestral um espaço de estudo e experimentação de diferentes repertórios.
“O segredo para o sucesso do nosso Concerto é a música popular brasileira, ou, digo mais, a cultura popular brasileira. A gente homenageia essa cultura, porque a festa junina já é resultado da capacidade do brasileiro de pegar um evento do colonizador e levar para o contato com o popular. No nosso repertório, as canções do Luiz Gonzaga, tão conhecidas, chegam até as de contemporâneos, como Chico César – a música e a cultura são o cordão que produz o bordado brasileiro, típico junino, com várias estampas”, refletiu Jhonatan Santos.
O set list, portanto, evoca ritmos, melodias e letras muitos familiares aos nossos ouvidos, mas com arranjos orquestrais, produzidos especialmente para a ocasião e assinados por profissionais de renome, como Alfredo Moura (Salvador), Guilherme Efrom (Curitiba), Aline Falcão (São Paulo) e Caio Azevedo (Munique). A produção geral do Concerto é de Thalita Deldotti.
O repertório traz quinze músicas, dentre elas “Assum Preto” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), “A boutique da Severina” (Genival Lacerda e João Gonçalves), “Sabiá lá na gaiola” (Mário Vieira e Hervé Cordovil) e rapsódias como “Ludwig von Gonzaga”, propondo um inusitado encontro de Beethoven com o Rei do Baião. Segundo Santos, uma das principais características deste trabalho é a “brincadeira”, típica das festas populares e que transparece nas músicas por meio do diálogo de naipes e das citações de melodias conhecidas do público. O cantor Paulo Vitor Poloni interpreta sete canções de compositores nordestinos, que integram a memória afetiva dos brasileiros, como “Esperando na Janela” (Targino Gondim, Manuca e Raimundinho do Acordeon), “Deus me proteja” (Chico César) e “Eu só quero um xodó” (Luiz Gonzaga e Zé Dantas).
O roteiro musical terá ainda uma organização dramatúrgica, com textos narrados pelos atores Gustavo Chagas e Raquel Sant’anna, que assina a criação textual. A dramaturga contou que partiu dos próprios enredos das canções e os amarrou de modo a contar uma fábula. “Fiz isso por meio de alguns personagens que elegi para viverem as coisas que as músicas falam, com elementos nordestinos”, explicou Sant’anna.
“O Concerto de São João pode ser considerado um ‘espetáculo’ por conta dessa configuração robusta que parte de arranjos inéditos para execução de orquestra, intercalado com momentos em que a Orquestra passa a acompanhar o cantor, e ainda com intervenções teatrais dos atores”, resumiu o diretor artístico. O show público contará ainda com tradução em Libras.
Além da música de qualidade, os presentes na Concha Acústica também vão aproveitar artesanatos e comidas e bebidas típicas das festas juninas em uma praça de alimentação especial montada pela Feira Flua. É a terceira vez que o “Concerto Comemorativo de São João” é apresentado em Londrina. Antes da pandemia, em 2019, o arranjador baiano Alfredo Moura esteve na cidade para a estreia. Foi a partir do contato com ele, quando integrava o Quarteto Caribé, em Salvador, em 2015, que Jhonatan Santos executou parte do repertório de Moura e prospectou, então, expandi-lo para uma orquestra de cordas. O projeto foi realizado em Londrina, dando origem ao “Concerto de São João”.
Na segunda edição, que lotou as galerias do Teatro Ouro Verde em 2024, o espetáculo agregou outros arranjos, ampliou o repertório, ganhou a linha de voz e os instrumentos populares. A realização é da Orquestra Acadêmica Bravi, com produção da Flua Cultura e apoio da Rádio UEL FM.
