O problema da coleta dos materiais recicláveis em Londrina tomou proporções que já fugiram do controle. Segundo especialistas, a cidade pode sofrer um colapso se o poder público não agir com urgência.
Um dos barracões de coleta seletiva da cidade, acumula montanhas de resíduos que chegam a alcançar o teto. Segundo o presidente da cooperativa, Francisco Bittencourt, já não tem mais espaço no local para armazenar o material. Recicláveis que deveriam ter sido vendidos no ano passado perderam o valor, pois acabaram tomando chuva e sol. O esforço é grande para manter tudo seco e seguro da água.
Todo esse acúmulo se deu por conta do preço baixo pago pelo material reciclável e também o número de cooperados que tem diminuído em razão do valor pago pelo serviço. “Se a gente continuar nessa situação de não vender os materiais, a gente não consegue dar mão de obra pra ninguém. A crise está chegando dentro das cooperativas, que vão acabar se fechado. O salários mínimo aumenta todo ano, e nós não estamos vendendo. Todo mundo aqui já tem que receber o salário reajustado. Só a nossa folha de pagamento da quase R$ 50 mil”, lamentou Francisco Bittencourt.
Em Londrina são sete cooperativas que recebem R$ 2,07 por domicílio. Mas, para o presidente, o valor ainda não é o ideal, que deveria ser em torno de R$ 3,65. Com a dificuldade para vender os recicláveis, a cooperativa acumula material ainda de janeiro de 2023.
Além da questão ambiental, o assunto virou problema de saúde pública, já que são vários os recicláveis que tem acumulado água das chuvas nos galpões. De acordo com a especialista no assunto, Lilian Mara Aligleri, professora de Administração da UEL, é necessário mais investimento na coleta seletiva em Londrina. “Essa coleta porta a porta tem um custo, em especial o do combustível. O valor pago pelo poder público desde 2017 não acompanha nem de perto o aumento do preço do combustível. Isso faz com que essas cooperativas tenham que trabalhar praticamente no prejuízo”, explicou.