A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Educação ouviu cinco profissionais que atuavam na rede municipal de ensino de Cascavel à época em que ocorreram denúncias de abuso sexual envolvendo um servidor de um CMEI da cidade. Os depoimentos, realizados na Câmara de Vereadores, revelaram falhas no registro e encaminhamento das suspeitas.
A primeira a prestar esclarecimentos foi a então diretora do Centro Municipal de Educação Infantil. Ela relatou que antes da denúncia que levou à condenação do servidor, um outro episódio semelhante já havia ocorrido, mas não resultou em providências formais, pois, segundo ela, o fato não teria sido considerado grave.
Durante o depoimento, a diretora também afirmou que os relatórios semestrais de avaliação dos servidores, documentos obrigatórios e importantes para o acompanhamento da conduta profissional, foram extraviados. Os registros que deveriam conter informações sobre o acusado não foram localizados na escola.
Em seguida, foi ouvido o professor que dividia a sala com o servidor condenado. Ele relatou que, ao tomar conhecimento da denúncia feita por uma mãe, comunicou informalmente a diretora, por telefone, e também orientou a responsável a procurar a direção. Um fato grave revelado pelo educador foi que ele também teria sido vítima de assédio. Disse que era perseguido em locais privados e que o servidor tirava fotos inapropriadas sem o seu consentimento.
A coordenadora do CMEI confirmou que houve, anteriormente, uma denúncia de que o servidor estaria assistindo vídeos impróprios durante o horário de trabalho. Segundo ela, tanto ela quanto a diretora conversaram com o servidor sobre o comportamento. Outro ponto polêmico é a ata de uma reunião entre a direção e a mãe da criança. Embora seu nome conste como presente no documento, ela afirma não ter participado da conversa e acredita ter assinado o papel depois, sem ler.
Por fim, duas coordenadoras pedagógicas da Secretaria Municipal de Educação também prestaram depoimento. Elas relataram que receberam relatos na época, mas destacaram que não eram as responsáveis por comunicar o Conselho Tutelar. As profissionais também afirmaram desconhecer se o servidor voltou a atuar em contato com crianças após os episódios.
A CPI continua ouvindo testemunhas e apurando possíveis omissões administrativas no caso.