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CPI Professor Monstro: novos depoimentos indicam que servidor poderia ter sido afastado antes

29 ago 2025 às 20:40

O prefeito de Corbélia, Tiago Stefanello, foi o primeiro a ser ouvido no processo administrativo envolvendo um agente de apoio. Na época dos fatos, enquanto o processo tramitava, ele exercia os cargos de chefe de gabinete e da Casa Civil da gestão de Leonaldo Paranhos, funções diretamente ligadas ao prefeito.


Stefanello foi questionado sobre o motivo dos processos administrativos chegarem ao chefe do executivo com diversas prorrogações. No caso em análise, foram registradas 18 solicitações de extensão de prazo.


"Sempre era deixado na maioria das vezes uma pasta com as portarias já assinadas pela equipe, assinadas pelo secretário, apenas para que o prefeito pudesse fazer a sua assinatura, sem nenhuma outra informação, simplesmente uma lista de 10, 20, 30 portarias, porque já haviam sido tomadas uma decisão pela comissão, ou de decisão, encerramento ou prorrogação", disse Tiago. 


Tiago Stefanello ainda respondeu que o secretário Cletírio nunca deu conta da gravidade do caso para ele, nem sobre esse, e nem sobre nenhum caso, justamente por conta dessa dinâmica de trabalho, onde os casos eram resolvidos pelas equipes técnicas competentes.


O atual chefe da Casa Civil, Tales Guilherme, e a presidente da Transitar, Laura Rossi Leite, que também atuavam na gestão à época, confirmaram que os documentos chegavam até o prefeito apenas com o pedido de assinatura, sem apresentar detalhes dos casos.


"Em relação aos PADs especificamente o que vinham eram portarias, que vinham em uma pasta, somente as portarias não acompanhadas do processo para o despacho, se houvesse qualquer urgência ou um pedido de prioridade poderia partir do próprio secretário, assim como os demais secretários sempre trataram", disse Tales.


As testemunhas também abordaram o poder do gestor da secretaria para afastar servidores das suas funções. No processo, foi questionado por que a Secretaria de Educação não realocou o servidor para outra função, sem contato com crianças. Além disso, foi destacada a celeridade na condução dos casos conforme solicitação da Corregedoria. Tiago Stefanello falou sobre o tema: "Mas existe o artigo 220, se não me engano, do Estatuto do Servidor, que deixa muito claro, que o secretário da pasta pode solicitar o afastamento cautelar ou prévio do servidor."


Tales disse que o que pode ser feito é que o secretário solicite formalmente ao RH que o servidor seja colocado à disposição. Já Laura Rossi deixou claro que aquele caso não era tratado de maneira especial, e por isso era tratado como qualquer outro processo.


Por fim, a ex-secretária de Planejamento e Gestão e servidora aposentada, Vanilse Pohl, que atuava na direção do departamento de Recursos Humanos quando o setor era responsável pelos processos administrativos, explicou a conduta adotada no andamento das investigações: "Eu não gostava que os processos demorassem, então quando eu fazia uma agenda com o prefeito eu já verificava todos os processos que tinham subido e ali eu passava o relatório dos processos, explicava para ele o que era o processo, e diante das prioridades que a gente elegia ali no RH a gente coletava as assinaturas."


Vanilse Pohl ainda disse que, se o processo estivesse correndo dentro dos critérios dela, ele seria tratado como prioridade, por envolver um caso de abuso sexual de uma criança.


Segundo os vereadores que compõem a CPI, ainda não é possível afirmar se esta sexta-feira (29) será o último dia de oitivas. Eles vão se reunir na próxima segunda-feira (01) para decidir.


As mães que acompanham a CPI já apresentaram um requerimento pedindo a convocação do ex-prefeito Leonaldo Paranhos, mas o pedido ainda será analisado, segundo o vereador Everton Guimarães, presidente da CPI.