As investigações sobre o agente de apoio acusado de abusar sexualmente de crianças em CMEIs de Cascavel seguem em andamento. Nesta terça-feira (29), mais uma oitiva foi realizada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com depoimentos de diretoras e coordenadoras das unidades de ensino onde o servidor trabalhou. As declarações apresentaram contradições em relação a documentos oficiais e levantaram novas suspeitas sobre a conduta do investigado.
No plenário, o clima foi tenso. Foram ouvidas quatro testemunhas ligadas ao CMEI do bairro Canadá, a segunda unidade por onde o servidor passou após ter sido transferido da unidade do bairro Interlagos, onde teria ocorrido o abuso de uma criança.
A CPI busca entender por que, mesmo após uma grave denúncia ser formalizada junto ao município, o servidor seguiu atuando na função por cerca de quatro anos. Segundo a coordenadora pedagógica que atuou de 2019 a 2022, ela só soube da investigação contra o agente após a repercussão na mídia. No entanto, documentos já anexados ao processo apontam que os responsáveis pelas unidades já tinham conhecimento das denúncias, o que pode indicar contradições importantes nos relatos.
A diretora que atuou entre 2021 e 2022 afirmou que recebeu um alerta da assessoria da Secretaria de Educação para manter cautela em relação ao contato do servidor com os alunos. Ela disse ter orientado a equipe para evitar que o funcionário se aproximasse das crianças, especialmente durante o período de descanso. No entanto, uma foto enviada pelo pai de um aluno mostra o investigado em contato direto com as crianças durante esse momento, o que reforça indícios de falhas nos protocolos internos.
Durante a reunião, também foi levantada uma nova suspeita: o agente teria importunado algumas funcionárias das unidades, como zeladoras. O presidente da CPI classificou a informação como preocupante e disse que a comissão continuará ouvindo testemunhas e analisando documentos para esclarecer todos os pontos do caso.
A comissão apura se houve omissão por parte de gestores e se o protocolo da Secretaria de Educação foi seguido à risca. As investigações continuam.