A tensão fundiária no Oeste do Paraná voltou ao centro do debate nesta semana com o início de visitas técnicas e reuniões de trabalho em áreas de conflito. As ações foram viabilizadas após a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovar um requerimento do deputado Filipe Barros, permitindo o acompanhamento presencial da situação e a discussão de um projeto de lei que propõe mudanças no "Estatuto do Índio".
O foco das visitas é debater o projeto apresentado pelo deputado federal Pedro Lupion, que sugere alterações nas regras para o reconhecimento da nacionalidade brasileira a indígenas. A proposta pretende endurecer critérios e trazer maior segurança jurídica, especialmente em regiões de fronteira, onde há preocupação com relatos de estrangeiros que atravessam para o Brasil e se autodeclaram indígenas brasileiros.
A região Oeste convive há anos com conflitos agrários, especialmente nos municípios de Guaíra e Terra Roxa. As tensões envolveram episódios de enfrentamento entre agricultores, forças de segurança e grupos que reivindicam áreas como território tradicional. Segundo parlamentares envolvidos na discussão, uma das preocupações recentes é a presença de paraguaios que cruzariam a fronteira e se identificariam como indígenas brasileiros, o que agravaria disputas e dificultaria processos de regularização fundiária.
A proposta de Lupion busca evitar que pessoas sem vínculo comprovado com povos originários obtenham o reconhecimento formal de nacionalidade ou direitos associados a essa condição. A intenção é impedir que o instrumento legal seja utilizado de forma indevida para legitimar ocupações ou possibilitar a prática de crimes.
Para especialistas e autoridades, o tema exige cautela. O conflito agrário na região envolve múltiplos fatores históricos, culturais e socioeconômicos, e sua solução depende de ações coordenadas entre União, Estado e municípios. Mesmo assim, a análise do projeto de lei é vista como mais um passo dentro de um processo que se arrasta há anos e que demanda soluções estruturadas e duradouras.
Enquanto as visitas seguem sendo realizadas, o debate continua avançando em Brasília. A expectativa é que, com a discussão mais técnica e a presença de parlamentares nas áreas impactadas, novas etapas sejam construídas para reduzir tensões e oferecer alternativas que garantam segurança e estabilidade à população.