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Devoto do Paraná guarda dinheiro antigo como forma de devoção a Santo Antônio

23 jul 2025 às 15:59

Em Pinhão, no centro do Paraná, um tesouro curioso e comovente revela como fé e memória podem andar de mãos dadas. Adacil Martins, devoto de Santo Antônio, mantém há décadas uma tradição que remete a outros tempos: guardar cédulas antigas como forma de agradecimento e devoção ao santo casamenteiro.

"O povo antigo era muito católico e fazia um pedido para o santo", explica Adacil.


Ao ser questionado sobre o motivo de ainda guardar esse dinheiro, ele responde que é por causa da “lembrança”, uma forma de mostrar os dinheiros antigos para os seus netos.


Notas de cruzeiros, cruzados e cruzados novos são comuns na coleção de seu Adacil, já que sua devoção cruzou diversas décadas do Brasil — um país que trocou de moeda várias vezes, especialmente nos anos 1980, como tentativa de controlar a hiperinflação.


As notas, de valores diversos, atravessam gerações: dos anos 1930 aos anos 1980, guardam não apenas o retrato da economia brasileira, mas também a história de vida de Adacil, sua fé e sua ligação com a religiosidade popular. Um hábito que já foi comum entre famílias do interior, em que guardar dinheiro para um santo era uma forma de expressar gratidão ou fazer promessas.


Mas a relação de Adacil com Santo Antônio vai além da tradição. Ele não está em busca de casamento, vive há anos ao lado da esposa, dona Janete, mas cultiva uma comunhão espiritual que transcende pedidos. Em meio à simplicidade da zona rural, ele encontrou na devoção uma forma de preservar a memória afetiva de um tempo em que a moeda corrente também era símbolo de esperança.


Hoje, com os avanços da tecnologia e a popularização de ferramentas como o Pix, as cédulas antigas guardadas por seu Adacil valem mais pelo sentimento do que pelo dinheiro. Representam a , a história e as raízes de um Brasil que, mesmo com tantas mudanças, segue firme em suas tradições religiosas e culturais.