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Dois meses de saudade: avô de Luan Augusto fala sobre o amor pelo neto

18 ago 2023 às 21:23

Neste sábado (19), completa dois meses do ataque ao Colégio Helena Kolody, em Cambé, que tirou a vida dos adolescentes Luan Augusto da Silva e Karoline Verri Alves.

 

Para o seo Miro, avô do jovem Luan, o neto ainda continua vivo. Em entrevista à equipe da Tarobá, ele contou do amor pelo neto, a saudade que nunca passa e os últimos momentos dos dois juntos.

 

“Eu deixava ele de manhã no colégio e a gente fazia aquele sinal de ‘tamo junto’. Falava ‘que Deus abençoe seu dia’ e ele respondia ‘Deus abençoe o seu, vô’ e nesse dia eu não falei ‘amém’. Ele bateu no vidro e falou: ‘vô, você não falou amém’, e aí eu abaixei o vidro, falei ‘amém’ e fiquei rindo vendo ele andando naquele corredor. Fiquei olhando ele andar e fiquei todo orgulhoso. Às 9 horas estourou tudo, eu corri lá e alguma coisa me dizia que era ele. Eu estava apavorado e os policiais tentando me acalmar, mas não deu porque eu senti que era ele”, disse Valdomiro Augusto da Silva em meio às lagrimas.

 

Luan e Karoline tinham uma vida religiosa muito ativa. Os jovens também tinham um comportamento parecido, não gostavam de baladas, se confessam toda semana e estavam sempre juntos. Seo Miro acredita que no dia do ataque ao Colégio eles foram instrumentos de Deus, e evitaram que outros fossem mortos ou feridos.

 

“Eu tenho o testemunho muito forte de uma menina, que é neta de uma amiga minha. Ela presenciou a morte dos dois. O cara veio com o revólver na cabeça dela e as balas não saíram. E ele pedia pra ela correr porque ela era de sorte. Esse testemunho diz muito”, contou.

 

Nesses dois meses, muitos eventos religiosos têm sido realizados em Cambé e em outras cidades da região, em homenagem aos jovens que morreram no ataque a escola. Pessoas também tem pedido a intercessão deles para alcançar alguma graça e alguns já relatam terem conseguido milagres.

 

“A gente ouve testemunhas todos os dias. Todo dia tem alguém nos falando, pedindo a intercessão deles. É um trabalho muito forte. Eles já são intercessores, mas que oficialize isso”, completou seo Miro.

 

Algumas pessoas já falam da possibilidade do jovem casal ser santificado, mas o processo é longo e depende de comprovação documentada dos milagres alcançados por eles. “A igreja é muito reservada com isso, porque primeiro tem muita investigação, os teólogos se reúnem, mandam para Santa Sé”, explicou a ministra da eucaristia, Dirce Miranda Rodrigues.

 

Os corpos dos jovens estão sepultados no Cemitério Municipal de Cambé, mas locais distintos. As famílias já solicitaram para que eles sejam transferidos para um único local, onde será feito um memorial às vítimas.