Em Cascavel, crianças e adolescentes vítimas de violência encontram acolhimento por meio de uma rede articulada pela Secretaria de Assistência Social. Entre os profissionais que atuam nesse processo estão as famílias acolhedoras, que assumem a responsabilidade de cuidar temporariamente de menores que chegam marcados por traumas, medo e insegurança.
Por trás de cada caso de violência, existe uma história de dor, mas também a possibilidade de um recomeço. Em meio ao sofrimento, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais trabalham para garantir proteção, acompanhamento e condições para que essas crianças e adolescentes possam reconstruir suas vidas.
A prioridade, segundo a política de assistência social, é que a criança permaneça com a própria família. No entanto, quando o lar deixa de ser um ambiente seguro, o acolhimento se torna necessário. Em Cascavel, há unidades de acolhimento coletivo, como o Recanto da Criança e uma unidade voltada a adolescentes. Mesmo assim, esses espaços não são a principal alternativa.
Quando não há familiares aptos ou quando o afastamento dos responsáveis precisa ser prolongado, a prioridade passa a ser o Programa Família Acolhedora. Criado em Cascavel em 2004, o programa tornou o município referência nacional nesse modelo de acolhimento temporário em ambiente familiar.
As famílias passam por um processo de habilitação e precisam atender a diversos critérios. Em contrapartida, recebem uma bolsa mensal que varia entre R$ 1.040 e R$ 1.500 por criança ou adolescente acolhido, valor destinado exclusivamente às despesas e ao bem-estar dos acolhidos.
Onirse é uma dessas mães acolhedoras. Há seis anos no programa, ela já recebeu em sua casa mais de 50 crianças e adolescentes. Mãe de quatro filhos, ela utiliza a própria experiência na maternidade para mostrar, na prática, que o cuidado e o afeto podem transformar realidades marcadas pela violência.
Atualmente, Onirse acolhe três adolescentes, com idades de 13, 14 e 16 anos. Cada uma carrega uma história difícil, mas encontrou no ambiente familiar um espaço de proteção, escuta e reconstrução emocional. Segundo ela, a bolsa recebida é integralmente revertida para garantir conforto, alimentação, lazer e dignidade aos acolhidos.
O acolhimento, porém, é temporário. Os vínculos criados não são definitivos e, em algum momento, a despedida acontece, seja pelo retorno à família de origem ou por outras medidas definidas pela Justiça. Mesmo com a dor da separação, Onirse afirma entender que outras crianças e adolescentes ainda precisam dessa oportunidade de cuidado e proteção.