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Espetáculo de dança leva vivências de corpos negros para o Teatro Ouro Verde

Balé Alma Negra faz a sua estreia com “Re-Tinturas” no Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra com um espetáculo de dança contemporânea que narra a história negra compartilhada através de uma narrativa que reflete a experiência desse povo, das comuni
18 nov 2025 às 21:11
Por: Portal Tarobá
Janaína Ávila/Divulgação

Refazer, reestruturar, reprogramar sem reproduzir estereótipos e fórmulas prontas. O Balé Alma Negra estreia no próximo dia 20, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, o espetáculo de dança contemporânea “Re-Tinturas”, no palco do Teatro Ouro Verde, às 20h, com ingressos gratuitos. Uma segunda sessão está marcada para o dia 22, no mesmo espaço e horário. 


As entradas podem ser retiradas na bilheteria do teatro a partir das 19h, nos dias das apresentações. Classificação indicativa: 14 anos.


Aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, Ministério da Cultura – Governo Federal, o projeto nasceu inspirado na potência do Balé do Teatro Castro Alves, de Salvador (BA), reconhecido por adaptar as técnicas de dança para os corpos negros e para textos e contextos da negritude brasileira. 


Adriana Castro, proponente do projeto e hoje professora de dança em Londrina, participou da companhia de dança soteropolitana e fez diversas colaborações com nomes importantes das danças populares e afro-brasileiras após se despedir do Ballet de Londrina, onde interpretou a primeira Julieta de pele preta no clássico “Romeu e Julieta”, no início dos anos 2000. 


Passou uma temporada em Portugal e de volta, sentiu a necessidade urgente de encontrar coletivamente temas e formas, técnicas e improvisações para os artistas negros da cidade e que isso viesse a transbordar no palco, justamente com o espetáculo que estreia na próxima quinta. Uma proposta inédita de criação que ocupa de forma poética e política o mais importante teatro da cidade. 

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O Balé Alma Negra nasce de um chamado da expressão, passa pela ancestralidade dos corpos que dançam enfrentando  também questões que extrapolam a pessoalidade e se transformam em atitudes e movimentos corporificados para marcar a presença em um mundo social e cultural, como uma nova companhia de dança na cidade e como existência preta nos palcos de espaços ainda excludentes. “O projeto nasceu de minhas experiências como pessoa negra. Desde a infância, quando iniciei no balé clássico, percebia a ausência de produtos adequados para a minha pele. A utilização de pó de arroz, por exemplo, causava-me frustração. Esse incômodo despertou em mim o desejo de mudar essa realidade. Sentia a necessidade de pertencer ao palco, e os desafios começaram ali”, relembra. 



O percurso que leva a bailarina até a estreia de Re-Tinturas é marcado por fatores impactantes com os cortes nos recursos na área da cultura e até a pandemia. “Sempre trabalhei com projetos sociais e a ideia de formar um grupo de dança me acompanha há pelo menos vinte anos, em meus mais de trinta de experiência na dança. 


O objetivo é dar voz e visibilidade para nós, pessoas negras, sobre nossos corpos e vivências”, diz. A dramaturgia do espetáculo narra a história compartilhada através da dança, do canto e da interpretação. “Com beleza artística, demonstrando a profundidade, a força e o carisma que possuímos ao expressar a beleza de nossos corpos, em suas diversas cores e formas com uma narrativa que reflete a experiência do povo negro, das comunidades periféricas e da população parda”, explica. 


O espetáculo, continua Castro, tem como objetivo integrar a plateia à experiência cênica, de modo que suas próprias vivências, inquietações, alegrias e a beleza da expressão artística sejam compartilhadas. “A intenção é emocionar e inspirar tanto os artistas quanto o público, fomentando a reflexão e a mudança de perspectiva. A dança, nesse contexto, surge como um recurso de união e cuidado mútuo. É essencial que o espaço de criação proporcione um ambiente de acolhimento, onde se possa compartilhar emoções, encontrar apoio e celebrar a cumplicidade, incluindo as vivências e as expressões individuais”, analisa.


O espetáculo Re-Tinturas se propõe a um processo de ressignificação não só para a proponente do projeto, mas também, para toda a equipe, majoritariamente composta por pessoas negras. “Diferente do passado, hoje celebramos a presença de corpos negros no principal teatro de nossa cidade com nossa especial beleza, com nossa pele, nossa identidade e nossa dança. Buscamos um processo de enegrecimento”, completa Adriana.


Companheiros ao longo da vida, juntam-se a Adriana nesta missão o coreógrafo Aguinaldo de Souza, artista negro especializado na área da direção e composição de espetáculos e Cláudio Souza, preparador corporal do elenco, ambos bailarinos-referências na cidade e, que como Adriana, inscreveram seus nomes na história da dança local.  Todo o processo de criação do espetáculo se deu de forma colaborativa e horizontalizada, sob o olhar atento dos mais experientes. 


A função de diretora de Adriana Castro, de coreógrafo para Aguinaldo de Souza e de preparador corporal para Cláudio de Souza foram sendo derretidas e organicamente absorvidas pelo processo, de acordo com a necessidade do elenco que é muito diverso quanto à formação, técnica, linguagem e experiência de vida, comprometida a partir das variações de tons de pele, nas intersecções com gênero, faixa etária e até do bairro onde nasceu e cresceu. “Houve uma etapa de comutação das sequências, quando um doava para o outro sequências que criara. Quando as cenas coletivas estavam adiantadas, retiramos as músicas usadas no processo e passamos as sequências em silêncio para que Tonho Costa, que assina a trilha sonora original e o percussionista Alex Barros, começassem a produzir sobre tais estruturas, devolvendo em forma de música o que sentiram”, conta Aguinaldo de Souza. 


O figurino e a cenografia, assinados por Gelson Amaral com grafitagem da artista Narizinho, dão o suporte para as imagens corporais e temas. Tudo com muito respeito e cuidado na escuta, algo que acompanhou todo o processo de criação do resultado final, sem a opressão que ficou totalmente de fora do projeto. “O que define este espetáculo é a sinceridade da expressão. A obra foi construída a partir da escuta, do respeito e da ética, propondo novas formas de agir perante o outro, negando as violências externas e falando sobre elas”, revela Souza. 


Em Re-Tinturas, o Balé Alma Negra realiza um exercício de sobrevivência, um resgate de pessoas que precisavam se encontrar para conversar, aquilombar e se defender falando de sua dança e sua música, com intersecções singulares dentro de um processo artístico colaborativo. A busca é por uma dança que fale ao público, continua Souza, que se politize e aborde questões pungentes e atuais – longe de formalismos estéreis e daqueles temas que são facilmente assimilados pela agenda de entretenimento de plateias brancas e burguesas. Sem mentiras, partindo da sinceridade da expressão e de uma visão profunda das questões da vida. “Cada dançarino ou dançarina chamados a participar vivenciou um apagamento no contexto da arte, preteridos em seleções de elenco, vitimas de racismo em processos artísticos, estudantes que passaram desapercebidos por anos. Ou ainda, pessoas que integraram elencos que dançavam questões do senso comum  caras à uma agenda de dominação branca, tão viciada em entreter a plateia burguesa”, aponta. Agora, oito jovens bailarinos negros, que na sua maioria despontou em projetos sociais desenvolvidos na área da dança, terão a oportunidade de escrever com seus corpos suas particulares narrativas.


SANKOFA NA DAC – A Divisão de Artes Cênicas da UEL foi a casa da montagem  do espetáculo “Re-Tinturas” e o lugar que acolheu as duas apresentações que antecedem a estreia no Teatro Ouro Verde, uma de abertura de processos na noite do dia 17 e a pré-estreia, no dia 18. As apresentações no Ouro Verde fazem parte da programação do “Sankofa – Mostra Cultural de Cenas Negras” que acontece de 19 a 23 de novembro na DAC, uma promoção da Casa de Cultura da UEL. A produção conta com a parceria da Blackout Produções e propõe cinco dias de interação cultural, com o tema “A África que nos habita” dentro de um posicionamento e uma visão de mundo que busca atualizar a presença negra na academia e na arte londrinense. A programação reúne artistas envolvidos com estudos e temáticas da negritude e a mostra serve de espaço para o encontro e compartilhamento de saberes e experiências.  


Cenas teatrais, cenas de dança, exibição de curtas-metragens, exposição de imagens, objetos e figurinos, dentre outras ações, serão realizadas dando visibilidade à arte e cultura negras da cidade, num recorte momentâneo, mas significativo. A ação pretende romper com estereótipos impostos a corpos negros e suas retratações, criando um espaço onde o protagonista e contador de sua história é o próprio negro. 


SERVIÇO:

Espetáculo “Re-Tinturas” com o Balé Alma Negra

Dias: 20 e 22 (quinta e sábado)

Horário: 20h

Local: Cine Teatro Ouro Verde (Rua Maranhão, 85 – Centro)

Ingressos gratuitos (disponíveis a partir das 19h na bilheteria do teatro)

Classificação indicativa: 14 anos

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