A londrinense Eve Mayer mudou-se para São Paulo há quase dois anos e retorna para o seu inédito show solo na cidade “Que mundo eu vou deixar para o meu filho”? O show será apresentado na próxima semana (quarta-feira dia 26), às 20h, no Bar Valentino, na rua Prefeito Faria Lima, nº 486. Os ingressos, individuais ou a mesa para quatro pessoas, podem ser adquiridos pelo Sympla, neste link. O evento é uma realização da produtora Piada Interna.
Eve Mayer foi professora de Língua Portuguesa em escolas de Londrina, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Em sua tese, ela estudou o discurso anticientífico durante a pandemia de Covid-19, tendo como base a plataforma X, antigo Twitter. Suas reflexões têm como método a análise do discurso.
“O discurso anticientífico presente no ecossistema Twitter é interpelado por referências conspiratórias norte-americanas (como o QAnon), é reacionário e constitui uma identidade de direita bolsonarista, assemelhando-se ao que se vê nos Estados Unidos, com a direita trumpista”, observa a doutora humorista Eve Mayer, em sua tese, disponível no Sistema de Bibliotecas da UEL.
No show “Que mundo eu vou deixar para o meu filho?, Eve Mayer conta histórias da maternidade no século XXI e todos os desafios que uma mãe enfrenta. “Afinal, que mundo vamos deixar para os nossos filhos se nem nós sabemos direito como viver nele?”, questiona. Ela compartilha também sua história pessoal, desde a infância até a maternidade atual, passando por momentos religiosos, fundamentalistas e paranoicos e mostra como essas experiências moldaram diretamente seu jeito de ser mãe.
Ela já voltou a Londrina em outras ocasiões e fez participações em shows de outros profissionais. A última vez foi em agosto, quando abriu o show Anticristo do humorista Tiago Santineli, que lotou o Villa Rica em duas sessões. Agora, ela volta para mais um show solo. “É sempre bom voltar às minhas origens. Eu gosto de dizer que sou londrinense, amo contar nossa história e nossas peripécias”, afirma Eve Mayer. “Voltar é como reencontrar os meus pra contar o que tenho vivido e como venho representando nossa cidade em outros ares.”
Eve Mayer defendeu a tese no doutorado em Estudos da Linguagem na UEL, no começo deste ano. Segundo ela, os títulos acadêmicos, ela é mestra também pelo mesmo programa, impacta na pessoa que ela é. “Stand-up é identificação, então quero que este grupo se veja nesta realidade, afinal um doutor não é somente doutor, mas pai, mãe, gente”, afirma. “Fazer stand-up é, antes de tudo, ter domínio sobre as diferentes formas de usar a linguagem, tudo para fazer rir. Ter esse conhecimento teórico auxilia muito no meu intuito de levar humor sobre qualquer assunto a quem curte comédia.”
No entanto, nem tudo é riso quando se faz stand-up. A humorista londrinense comenta que tem de lidar com haters. A maioria dos haters das comediantes é homem. “Eles acreditam que humor é coisa de homem. Já tive de lidar com haters em todas as esferas, mas o pior foi quando dois deles invadiram um show organizado pelo também humorista Tiago Santineli, no Dia Internacional da Mulher para tentar hostilizar mulheres que apenas trabalhavam o seu humor para o público que quis estar ali. Eu tirei de letra, porque sou professora, então nada me abala. Mas é óbvio que é chato.”
