A equipe de jornalismo do Grupo Tarobá de Comunicação conversou, com exclusividade, com Fayda Bown, mãe de Érico Hissami Pires Murakami, de 31 anos, que é suspeito de matar o próprio pai, Alberto Hissami Murakimi, de 68 anos, a machadadas, na última sexta-feira (20), em um sítio no Limoeiro, região leste de Londrina.
Fayda mora nos Estados Unidos, e através de uma vídeo chamada, contou que quando criança, o filho teve diversos problemas de saúde, e chegou a ficar em coma. “Ele sempre sofreu de depressão, teve um problema muito sério de coração. Entrou na fila do transplante. Era uma criança de 10 anos com um coração de 90 anos. Ele recebeu um milagre, uma segunda vida. Mas ele entrou em depressão porque não se reconhecia mais”, relatou.
A mãe contou ainda que durante a doença do filho, não recebia apoio do marido e que ele se negava a cuidar da criança. Foi aí que ela decidiu pedir o divórcio e sofreu agressões físicas. “Ele me pegou pelo pescoço e falou: ‘se você não ficar comigo, não fica com mais ninguém”. Ela conseguiu se salvar, pediu por socorro e se separou de Alberto.
Dois anos depois, Fayda conheceu outra pessoa, um homem americano, e foi morar com ele e os filhos nos Estados Unidos. No novo país, Hissami namorou e teve um filho. Mas em determinado momento, quando já era maior de idade, decidiu voltar para o Brasil. “Ele deu a loucura de querer voltar pro Brasil. Ele falava: ‘meu pai me deu o nome dele, é meu sonho viver com meu pai. Eu quero estar lá, eu preciso’. E eu disse: ‘tá bom, eu não concordo. Não vou te ajudar. Mas eu te dou a minha benção porque sou sua mãe”.
Morando um tempo com o pai, Fayda diz que a relação era complicada e que eles não se davam bem. “Essa convivência sempre foi com muita briga, porque eles não se conheceram. São dois homens que se encararam e que um não deu a chance do outro pedir perdão. Na minha opinião, o Alberto tinha que ter falado: ‘meu filho, me perdoa o tempo que eu faltei, vamos começar do zero’. Mas o Alberto sempre falava: ‘você é uma vergonha pra mim. É uma miséria. Você é preguiçoso. Você arruma desculpa pra não trabalhar pesado’. O Alberto nunca aceitou eu falar que o Hissami tem problema de coração”, afirmou.
Fayda ainda contou que quando Hissami voltou para o Brasil, o pai não o ajudava financeiramente e vendeu a casa que em o filho morava. “Ele largou o meu filho na rua. O pai abandou o filho e gastou todo dinheiro”.
Ainda muito abalada com o acontecido, ela falou sobre a morte de Alberto: “O Hissami foi guardando essas negatividades, esses ataques. E o Alberto sempre acusando, falando que o ele era uma porcaria, uma vergonha. Na minha opinião, eu não estou defendendo o Hissami, ele tem que ir pra prisão. Ele tem que pagar pelo que ele fez. Tem que ir pra prisão, mas ele não é esse monstro”.
Aos prantos, ela relatou ainda que conversou com pessoas que tiveram contato com o rapaz e com a mãe do filho de Hissami, para saber se ele era uma pessoa agressiva. Segundo Fayda, todos disseram que ele era uma pessoa tranquila e não apresentava nenhum sinal de agressividade. “Então, eu me pergunto: ‘onde apareceu essa agressividade?’ Eu acho que ele foi mutuando muitas negatividades e ataques, até que a panela de pressão explodiu, e na cegueira da explosão, ele tomou uma decisão super errada. Não estou passando a mão na cabeça dele, ele fez errado”, disse emocionada.
“Ele tem que cumprir, e pra mim, por mais errado que ele foi, ele fez tudo errado e ele tem que pagar pelo erro dele. Mas ele me provou uma coisa digna, se ele fosse um assassino profissional, ele ia fugir do local, mas ele ficou e falou para a mulher chamar a polícia. Ele se entregou, então pra mim como mãe, é uma esperança, que ele reconheceu o erro dele, ele se entregou, viu que ele perdeu a paciência na hora errada e fez coisa errada”, finalizou Fayda, muito abalada com a situação.
O caso está sob em investigação pela Delegacia de Homicídios de Londrina, e Hissami segue preso.