Após ficar internado quase uma semana, Marcelo Oliveira, que foi esfaqueado por um morador de rua recebeu alta do hospital e já está em casa. Ainda abalado, ele contou como sobreviveu ao ataque.
“Eu estava olhando no celular, porque lá é uma área sossegada. De repente, no portão dessa casa que eu passava, que não tem ninguém morando, ele saiu do portão gritando: ‘Corre, corre!’ Ele gritava de um jeito louco, e aquele jeito eu percebi que ele estava com uma faca na mão, eu achei que ele estava correndo de alguém, mas na verdade ele estava correndo pra me atacar. Na hora que eu vi ele vindo pra me fazer mal, eu comecei a correr, mas eu não consegui correr mais que ele. Na hora que eu caí no chão ele veio com os golpes que foram filmados, aí não tem nem como explicar. As facas ali, eu pensei: ‘se eu pegar a faca, corta a minha mão. O que eu faço?’ Falei: ‘leva o celular, leva qualquer coisa’. Eu falava: ‘nossa minha vida vai embora agora”, contou ele aos prantos. “A hora que eu tentei me levantar, ele me desferiu o golpe. Naquele golpe eu falei: ‘agora vai’. Estanquei com a mão, corri pro posto. Ali eu tirei força da onde eu não tinha. Corri e pedi para chamar o SAMU ‘Me salva. Eu não quero morrer. Não tive tempo pra falar tchau pra ninguém na minha família”.
No último dia 6, ele foi atacado por um homem quando passava em frente a uma casa abandonada na Rua Serra da Graciosa, no Jardim Bandeirantes, na zona oeste. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento.
O agressor, identificado como Rafael da Silva, de 37 anos, seria usuário de drogas. No dia dos fatos, ele foi preso em flagrante, mas solto dias depois, inclusive enquanto Marcelo ainda estava no hospital.
Pai de duas meninas, Marcelo é casado há 23 anos com Iracema Souza da Silva, e trabalha como pintor. Ele relata se sentir aliviado por ter se recuperado e feliz por estar vivo. Ao saber que o autor do ataque foi solto, tanto Marcelo como Iracema ficaram revoltados com a injustiça.
Ainda assim, ele se sustenta na fé e de maneira muito resiliente, leva uma lição de vida. “Eu vivi de novo. Quando você vê a morte de frente e você tem uma chance pra viver de novo, você começa a olhar pros lados e falar: ‘não acredito que tô vivo’. E você pode fazer tudo melhor, tudo diferente e amar a vida cada vez mais. Eu passei a ter uma vida com mais carinho, eu já amava a vida. Eu amo a vida mais ainda. Todos que me conhecem sabem”, disse com um sorriso no rosto.