Um dos grandes avanços na agricultura é a produção de maneira sustentável. Fora a contribuição ambiental, a transição da agricultura convencional para a orgânica pode trazer uma boa rentabilidade, o que contribui para a sucessão familiar no negócio. Esse assunto foi abordado no 4º Seminário de Agroecologia e Horticultura na Sucessão Familiar, realizado no Recinto José Garcia Molina, nesta quarta-feira (9), na ExpoLondrina 2025.
Gerente regional do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) de Santo Antônio da Platina, Maurício Castro Alves trouxe a experiência que a região tem na produção de frutas e hortaliças orgânicas, é a região que mais produz frutas e hortaliças no norte do Paraná, segundo ele. “Não ter nenhuma agressão ao meio ambiente, à família e ao consumidor é muito bom. Outro ponto é que dominamos a tecnologia de produção orgânica, tanto que conseguimos produzir um quilo de tomate orgânico mais barato que o convencional, então conseguimos acessar novos mercados”, disse. Alves palestrou junto com os técnicos agropecuários Valdinei Garcia Fernandes e Marina Pinto Lima e os engenheiros agrônomos Paulo Sérgio Beraldo e Luiza Rocha Ribeiro.
Entre os cases de sucesso apresentados no evento deste ano está o Morangos Navarro, coordenado pelos produtores Rosecleia Vieira Ferreira Navarro e Evandro Navarro. A propriedade fica em Nossa Senhora Aparecida, distrito de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina). Rosecleia conta que tudo começou com a produção de morangos há nove anos, depois o turismo rural: “a partir do momento que o pessoal ficou sabendo que estávamos com a produção de morango sem agrotóxico, com controle biológico, usando inimigos naturais para combater pragas e doenças, gerou curiosidade. Então começaram a nos procurar para colher, levar filhos para conhecer”.
Além deles, está a família da Marilda Aparecida da Costa Faria, de Londrina. Ela expôs o painel “Tomate orgânico: renda e sucessão familiar”. De acordo com ela, o início da produção transitava do convencional para o orgânico e agora já garante uma renda de 30% a mais para a venda na cooperativa e na merenda escolar, por exemplo. Ao mencionar a sucessão familiar, a produtora não esconde o otimismo. “Tem meu neto, bisneto lá dentro junto com a gente, colhendo na estufa sem perigo algum, comendo tomate junto. É essa a maior importância. Acredito muito que vão seguir sim”, contou.
Cenário em Londrina
Felipe Favoretto Furlan, que é coordenador regional de extensão rural de Londrina e organizador do evento, afirma que o cenário londrinense é muito promissor. “Estamos perto de um grande núcleo populacional. A cidade tem grande demanda por produtos de qualidade e, nesse cenário, queremos mostrar novas oportunidades e formas de atendermos a ela, ou seja, trazer tecnologias que podem ser aplicadas na nossa realidade”, explicou.
Quem também esteve presente foi o presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Marcelo El-Kadre. “Hoje todos os produtores paranaenses, sem exceção, produzem com consciência da natureza e quem não faz isso, é bandido. Porém, o mais importante é que, dessa forma, segura o jovem na propriedade e viabiliza o sustento dele”, opinou.
Exemplos de produção orgânica
Existem ainda outras hortaliças e frutas que podem ser cultivadas organicamente, como abacaxi, goiaba, maracujá, banana. “Vamos aprendendo, fazendo, praticando e conhecendo junto com o produtor. Depois, ampliamos”, descreveu o gerente regional do IDR-Paraná de Santo Antônio da Platina.