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Investigação sobre confronto no Leonor aponta que PMs agiram em legítima defesa

25 abr 2025 às 19:21

A Polícia Militar concluiu o inquérito que investigava a conduta dos agentes envolvidos em um confronto que terminou com a morte de dois jovens, no Jardim Leonor, zona norte de Londrina. O documento, encaminhado ao Ministério Público do Paraná, foi assinado pelo coronel Paulo Henrique Semmer, responsável pelo comando geral da Polícia Militar do Paraná.

 

A investigação foi conduzida pelo 3º Comando Regional de Maringá. No documento é apresentado um resumo da ocorrência, em que policiais da Companhia de Choque do 5º Batalhão de Londrina, durante patrulhamento na noite do dia 15 de fevereiro, no Jardim Leonor, flagraram duas pessoas passando de carro e que este veículo teria sido usado para praticar um furto qualificado um dia antes.

 

Ainda segundo o documento, os policiais ao descerem da viatura, notaram que Wender Natan da Costa Bento, de 20 anos, e Kelvin Willian Vieira dos Santos, de 16 anos, estavam com armas de fogo, e que ambos apontaram em direção à equipe policial. O inquérito afirma que, "frente à iminente agressão, os indiciados [os pms] fizeram o uso de suas armas de fogo para fazer cessar àquela ameaça.”

 

O documento revela ainda que após análise minuciosa, foi concluído que houve crime militar, mas existem elementos suficientes que comprovam o chamado "excludente de ilicitude", já que os quatro policiais envolvidos na ocorrência não possuem indícios de transgressão à disciplina - isto é, eles agiram dentro da legalidade e das regras de conduta estabelecidas pela corporação. Ou seja, a ação, segundo o inquérito, foi em legitima defesa.

 

O inquérito policial militar traz ainda que, até o presente momento, a versão apresentada pelos pms, no que diz respeito à dinâmica da ocorrência, se assemelha com as provas obtidas e que os laudos produzidos pela Polícia Científica não apontam que o local foi alterado. Assim como no laudo do exame de confronto balístico, em que os elementos não se contrapõem a versão dos fatos e à dinâmica do esquema dos disparos feitos.

 

Em paralelo, o documento indica que, sem novas testemunhas presenciais, fora as que já foram identificadas no inquérito, restou concluído que a versão apresentada pela família de Wender e Kelvin, que alegam que os dois teriam sido executados, não se comprovou.

 

Durante o andamento do inquérito, os policiais chegaram a ser afastados das funções, mas retornaram e passaram por acompanhamento psicológico.

 

Em coletiva de imprensa na quinta-feira (24), o secretário de Segurança Pública do Paraná, coronel Hudson Teixeira, afirmou que o resultado do inquérito ainda não chegou até ele.

 

A morte de Wender e Kelvin desencadeou uma onda de protestos na cidade, o que fez com que o secretário viesse pessoalmente até Londrina acompanhado de reforço policial. O incremento no efetivo permaneceu por alguns dias até que a situação da segurança pública fosse normalizada. 

 

Após análise do Ministério Público, o inquérito da Polícia Militar deve ser encaminhado à Justiça Militar Estadual.