A sensação de moradores e comerciantes em Foz do Iguaçu é de que o número de pessoas vivendo nas ruas da cidade tem aumentado significativamente, gerando debates e opiniões divididas. O impacto é sentido especialmente em áreas comerciais, como a Vila Portes, próxima à Ponte Internacional da Amizade, onde barracas improvisadas e o uso constante de drogas têm afugentado clientes e turistas.
No centro da cidade, a insegurança também é constante. Um quiosque na Avenida Brasil foi invadido sete vezes neste ano, sofrendo perdas que ultrapassam R$ 5 mil, conforme o dono do estabelecimento. Muitos dos invasores são conhecidos por comerciantes e, segundo relatos, são pessoas em situação de rua. No ponto de táxis da região, cadeados e correntes tornaram-se indispensáveis para evitar furtos.
Dados do Cadastro Único do Governo Federal indicam que Foz do Iguaçu tem mais de mil pessoas vivendo nas ruas, embora o número real possa ser maior. Para enfrentar esse cenário, a Secretaria de Assistência Social iniciará na próxima semana um censo para planejar ações mais efetivas.
A condição de cidade de fronteira torna o problema ainda mais complexo, com circulação fácil entre Brasil, Paraguai e Argentina e presença de pessoas de diversas nacionalidades.
Alguns empresários, temendo represálias, apontam exemplos de outras cidades, como Chapecó e Florianópolis, que adotaram programas de internamento involuntário para pessoas em situação de rua com dependência química ou transtornos mentais. Medidas que geraram polêmica e resistência, inclusive por parte das defensorias públicas. Em Foz, o secretário de Assistência Social não vê essa como uma solução adequada.
No Legislativo, o vereador Dr. Ranieri Marchioro tem cobrado informações da prefeitura sobre as ações para atender essa população. Segundo seu gabinete, ele já se reuniu com o secretário da pasta e acompanha o tema, mas destaca que não pode apresentar projetos que impliquem despesas para o Executivo.
Enquanto as soluções efetivas não chegam, o impasse permanece: como garantir a segurança de comerciantes e moradores sem marginalizar pessoas em situação de vulnerabilidade? Essa é a questão que a sociedade e as autoridades precisam enfrentar na prática, diante de um desafio social complexo que não pode mais ser negligenciado.