Cidade

Obras abandonadas na BR-163: memorial do descaso logístico

07 abr 2025 às 12:20

O tempo passa, mas a duplicação da BR-163 entre Cascavel e Marmelândia segue como símbolo do descaso. Iniciada em 2014, a obra nunca foi concluída e hoje representa risco para motoristas e frustração para moradores da região. Com o anúncio da nova concessão do pedágio e a iminência da cobrança, cresce a revolta em relação às promessas não cumpridas.


Logo no início do trecho duplicado em Cascavel, a realidade salta aos olhos: buracos por todos os lados em um asfalto de concreto deteriorado. Em alguns pontos, o que se vê são remendos recentes que já cederam, deixando a armação de ferro exposta. A precariedade se estende por quilômetros, exigindo atenção redobrada de motoristas e provocando protestos até com buzinaços.


Em Lindoeste, a situação é ainda mais grave. A travessia da rodovia se transformou em desafio diário para os moradores. A população já organizou diversos protestos exigindo segurança e a construção de trincheiras, além da conclusão da duplicação. No ano passado, houve uma breve esperança: o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) anunciou a abertura de um novo processo licitatório para contratação de estudos e projetos de engenharia. Mas, com a rescisão do contrato anterior, a responsabilidade passou para a nova empresa vencedora da concessão do Lote 6 do pedágio.


Ao longo da rodovia, o retrato é de abandono: trechos alternam entre asfalto novo e antigo, duplicações incompletas e viadutos que nunca foram concluídos. Em Lindoeste, dois deles estão inacabados, um parcialmente executado e outro ainda no início. Um desses locais virou até lixão a céu aberto.


Apesar de tanto descaso, uma parte da duplicação foi entregue: a ponte sobre o Rio Iguaçu, em Capitão Leônidas Marques, só concluída após uma série de reportagens do jornalismo da TV Tarobá pressionarem pela finalização.


Mais de R$ 709 milhões de recursos públicos já foram aplicados em uma obra que deveria transformar os 74 quilômetros entre Cascavel e Marmelândia em uma rodovia moderna e segura. Ao invés disso, o que se vê são estruturas deterioradas, obras paradas e a insegurança diária de quem precisa trafegar pelo trecho.

Enquanto isso, o asfalto que deveria durar ao menos duas décadas, segue se desintegrando a cada dia. E o fim dessa história, pelo jeito, ainda está longe de ser escrito.