A BR-277, na Serra da Esperança, continua interditada, afetando diretamente o tráfego de veículos e diversos setores da sociedade. Na reportagem de hoje da série "Bloqueio na Serra", você acompanha os impactos dessa interdição e os detalhes sobre a concorrência do pedágio, prevista para esse mês, que deverá definir os planos para melhorar o tráfego e a segurança nesse importante trecho da principal rodovia do estado.
Ontem foi o primeiro dia desde sábado em que o sol apareceu e a chuva deu uma trégua na região da Serra da Esperança. No entanto, a liberação da rodovia ainda não ocorreu. Engenheiros, geólogos do DNIT, Corpo de Bombeiros e a PRF se reuniram para avaliar a situação crítica da Serra em um gabinete de crise. A polícia informou que novas avaliações seriam realizadas nesta terça-feira, e, caso as condições climáticas permitam, os trabalhos de recomposição das condições de segurança terão início nesta quarta-feira, com o objetivo de determinar se a rodovia será ou não liberada.
Enquanto a rodovia permanece interditada, motoristas têm seguido pela PR-364, passando por Inácio Martins, como a principal rota alternativa em direção a Curitiba. O DER-PR, no entanto, alerta que veículos pesados não devem utilizar essa rota, que está recebendo um fluxo de tráfego quase dez vezes maior que o normal.
Diversos setores estão sentindo os reflexos da interdição. O transporte de cargas e de pacientes, que precisam se deslocar de municípios da região para Curitiba, está sendo seriamente afetado. A Prefeitura de Guarapuava informou que está priorizando a alta hospitalar e os internamentos para pacientes que necessitam de atendimento na capital e região metropolitana.
Em Laranjeiras do Sul, a Prefeitura relatou que as viagens para Curitiba com pacientes têm aumentado cerca de três horas, tempo semelhante ao que o transporte de pacientes de Candói também tem demorado a mais para chegar à capital.
Ontem, veículos de emergência começaram a ser liberados para passar pela Serra. Glauco, motorista da Prefeitura de Chopinzinho, no sudoeste do estado, é um dos que estava indo para Curitiba com um paciente. Ele relatou os desafios enfrentados devido à interdição, que têm dificultado o trajeto para as cidades vizinhas.
Essa não é a primeira vez que a Serra da Esperança enfrenta problemas de interdição. Em 1998, a rodovia ficou interditada durante quatro dias após um grande desmoronamento que deixou um enorme buraco na rocha, uma marca visível até pouco tempo atrás. Durante 21 anos, a rodovia foi concedida à iniciativa privada e pouco foi feito para a duplicação e o controle da estabilidade da encosta, o que agora se reflete em novas dificuldades.
O trecho da BR-277 na Serra da Esperança faz parte do lote 6 do edital para a nova concessão do pedágio, com o leilão previsto para o dia 19 de dezembro. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmou que o contrato para a nova concessão prevê a duplicação da rodovia nesse trecho, além de melhorias como dois retornos e iluminação ao longo de oito quilômetros. A assinatura do contrato está prevista para abril de 2025.
Quanto à prevenção de deslizamentos, o novo contrato vai impor responsabilidades à concessionária, incluindo monitoramento contínuo e a entrega de um relatório anual à ANTT atestando a estabilidade do terreno. Caso ocorram deslizamentos, a empresa será responsável pela resolução do problema, salvo em eventos extraordinários, quando o governo federal também poderá assumir responsabilidades.
A expectativa é que com a nova concessão e as obras previstas, a segurança e o tráfego na Serra da Esperança sejam significativamente melhorados, trazendo alívio para motoristas e comunidades afetadas pela interdição.