Representantes de diversas entidades e órgãos públicos se reuniram nesta sexta-feira (26) na Câmara Municipal de Londrina para discutir os desafios relacionados às pessoas em situação de rua na região do Centro. A reunião, coordenada pelas comissões de Segurança Pública e de Desenvolvimento Econômico do Legislativo, contou com a presença de representantes da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Saúde, Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), 5º Batalhão da Polícia Militar, Guarda Municipal, além de moradores dos arredores da Praça Sete de Setembro, Calçadão e Centro Histórico.
Moradores e comerciantes da região central destacaram a necessidade de um atendimento digno e ordenado às pessoas em situação de rua, demonstraram preocupação com a sujeira e a segurança e ressaltaram a importância da integração entre diversas políticas públicas para enfrentar a questão de forma efetiva. Presidente da Comissão de Segurança Pública, o vereador Santão (PL) expressou preocupações com a segurança dos trabalhadores e moradores do Centro e criticou as políticas assistenciais adotadas pela atual gestão municipal, defendendo que elas não têm sido eficazes na resolução do problema.
Santão disse que há muitos usuários de drogas entre as pessoas em situação de rua, o que atrai traficantes e gera insegurança. “Essa politica atual de assistencialismo social, que não é assistência social, tem feito da cidade de Londrina um paraíso para desocupados. […] Conversei com uma menina no calçadão que recebeu um tênis de doação e o tênis era bom. Ela rejeitou o tênis, e ela também é moradora de rua, porque disse que iriam matá-la para roubar o tênis, enquanto estivesse dormindo, para trocar o calçado na boca de fumo. […] Eu faço palestras em clínicas de atendimentos a drogados, vi muitas pessoas saindo das drogas. Mas não com assistencialismo”, disse.
Segundo o vereador Nantes (PL), que preside a Comissão de Desenvolvimento Econômico, a concentração de pessoas em situação de rua no Centro da cidade tem agravado o problema de abandono dessa região por comerciantes. “Temos empresários falando que vão fechar as portas. Quer dizer, mais empresários, pois andando pelo centro a gente só vê placas de Aluga-se e Vende-se”, afirmou.
Alimentação e doações
O comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Ricardo Eguedis, ressaltou que as doações de alimentos, roupas ou aquelas feitas em dinheiro podem abastecer o tráfico de drogas e sustentar o vício de quem está em situação de rua. “A polícia atua todas as vezes em que é acionada. Não são poucas vezes em que o morador de rua está alcoolizado ou sob efeito de substâncias entorpecentes, e às vezes ele tem um padrão violento que acaba trazendo riscos às pessoas que estão trabalhando ou passando pelas vias públicas. Nesse contexto é que entra o nosso trabalho. É um trabalho repressivo. Preventivamente fazemos abordagens, buscas. Há casos de pessoas foragidas da política, traficantes inseridos nessa comunidade. O traficante usa o morador de rua para práticas delituosas”, complementou.
Moradores do Centro solicitaram a implantação de espaços específicos para a alimentação das pessoas em situação de rua e o apoio da CMTU no recolhimento de resíduos deixados na região, especialmente na Praça Sete de Setembro. “O comércio coloca o lixo na ponta da praça e as pessoas em situação de rua mexem no lixo. […] Os moradores ficam lá porque recebem alimentos ali. A praça é cheia de fezes de pombos e é ali que eles comem”, disse Suely Baccarin, representante dos moradores da Praça Sete de Setembro e do Calçadão de Londrina. A preocupação com a falta de organização na doação de comida também foi citada pelo diretor de Operações da CMTU, Álvaro do Nascimento Marcos. “Moradores de rua pegam marmitas de restaurantes e vão vender para os ambulantes por R$ 5. Também retiram parafusos das lixeiras. Todos os meses temos problemas. São vários problemas que nos deixam preocupados, a facilidade com que eles recebem coisas no centro é enorme”, afirmou.