A morte de Júlia Beatriz Garbossi e Daniel Takahashi Suzuki Sugahara tem sido tratada como homicídio e o ataque sofrido pela estudante de Artes Cênicas, como uma tentativa de feminicídio.
O Néias, Observatório de Feminicídios de Londrina, tem acompanhado o caso e defende que o assassinato dos dois jovens seja considerado feminicídio.
De acordo com Silvana Mariano, porta-voz do Néias, "há a importância de nomear esse crime pelo que ele é e rechaçar o uso de "crime passional" - considerando que o protocolo existente, vigorando neste país, e que deveria ser seguido pelas autoridades policiais, prevê que a primeira hipótese de investigação é a de feminicídio".
Em nota, o Néias, Observatório de Feminicídios Londrina, esclareceu que a vítima sobrevivente do ataque que resultou no feminicídio de Júlia Beatriz Garbossi Silva, homicídio de Daniel Takashi Suzuki Sugahara, não tinha envolvimento amoroso com o principal suspeito do crime, Aaron Delece Dantas, de 23 anos.
A jovem estava iniciando um relacionamento com Daniel e conhecia Aaron de um antigo trabalho, mas ao perceber as intenções do jovem, se afastou por não ter interesse. Por causa disso, Delece começou a perseguir a vítima pelas redes sociais.
A sobrevivente ainda esclareceu que Júlia Beatriz também não tinha nenhum envolvimento com Aaron Delece e que os três alvos dos ataques eram amigos e trabalhavam juntos. A sobrevivente encaminhou seus pêsames às família de Júlia e Daniel.
Desde segunda-feira (04), o Serviço de Bem Estar a Comunidade, o Sebec, tem realizado rodas de conversa com estudantes de Artes Cênicas e Ciências Sociais, cursos aos quais pertencem as vítimas envolvidas no caso. A ideia é oferecer acolhimento e apoio psicológico a todos que se sentiram, de alguma maneira, afetados com a tragédia.
Sobre os acompanhamentos, Carla Pagnossin, psicóloga do Sebec conta que "estamos presentes, dando todos os encaminhamentos, acionando redes, muitas vezes redes de solidariedade, de profissionais que nós conhecemos e que nos ajudam, para providenciarmos acompanhamento administrativo, policial..."
Professores da UEL, que acompanharam o atendimento prestado à sobrevivente da tentativa de feminicídio, apontaram que há falta de preparo nos serviços de saúde para atender vítimas de violência contra a mulher.
Segundo as docentes, a estudante não teria recebido apoio psicológico quando deu entrada no hospital.
Quando a jovem recebeu alta houve dificuldade de encontrar um local para acolhe-la em segurança.