O arquiteto paraguaio Solano Benítez, autor do projeto arquitetônico do futuro Centre Pompidou Paraná, ministrou na noite desta sexta-feira (5) uma masterclass em Foz do Iguaçu que reuniu um auditório lotado de arquitetos, engenheiros e estudantes universitários. A atividade foi organizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Seec), e integra as ações de ativação do museu que ocorrem no pavilhão temporário instalado no terreno do futuro museu.
Mais cedo, Benítez já havia revelado detalhes do projeto ao lado do governador Carlos Massa Ratinho Junior e do presidente do Centre Pompidou, Laurent Le Bon. À noite, o foco foi a reflexão sobre fazer arquitetura ‘a partir das pessoas’ e do contexto local. “Falar para a gente jovem é um compromisso muito forte para mim. Não se trata apenas de explicar um projeto, mas de mostrar como pretendemos fazer arquitetura nesta parte do mundo, em sintonia com a vida e com a comunidade”, afirmou.
Aos 62 anos, o arquiteto destacou a responsabilidade e a dimensão pública da obra. “Durante muito tempo tentei mudar o mundo com a arquitetura. Agora, encontro eco nessas ideias, numa dimensão política que vai além do trabalho cotidiano”, disse.
A proposta de Benítez segue a lógica de um museu pensado como espaço vivo, em diálogo com a Mata Atlântica e aberto à comunidade. O conceito valoriza materiais locais, como o tijolo feito com a terra vermelha de Foz do Iguaçu, reinterpretado com técnicas que unem tradição e inovação. O desenho prevê grandes salões flexíveis e áreas de convivência, com ventilação natural e sombreamento, favorecendo um microclima adequado às condições da região.
Um dos convidados da noite foi o engenheiro português Rui Furtado, que é parceiro de Benítez na concepção estrutural do Centre Pompidou Paraná. Ele ressaltou a complementaridade entre a arquitetura e a engenharia no projeto. “São disciplinas irmãs. O nosso papel é compreender o espírito do projeto e transformá-lo em realidade. Neste caso, o desafio é converter a lógica poética do tijolo e do artesanato em uma construção industrializada, como exige uma obra dessa dimensão”, pontuou.
Para Furtado, o diferencial está na emoção que a obra transmite. “As grandes construções precisam tocar quem as visita. Aqui, isso acontece pela escala e pelo jogo de luz e sombra da mata entrando na edificação, criando uma atmosfera humana e poética e gerando uma experiência singular para moradores e turistas”, complementou o engenheiro.
Os conceitos abordados por Benítez e Furtado podem ser claramente percebidos a partir de um vídeo que apresenta detalhes do projeto, divulgados pelo Governo do Estado.
Entre os espectadores, estava a estudante Juliana Leal, do 4º período de Arquitetura e Urbanismo, que viu na masterclass uma oportunidade de formação e pertencimento. “Estamos muito empolgados para viver essa experiência e conhecer uma nova atração para Foz. A cidade tem muito potencial, já que além da Usina de Itaipu e das Cataratas do Iguaçu, teremos um museu com projeto arquitetônico diferenciado. Vim preparada para anotar tudo e não perder nenhum detalhe”, comentou.