A primeira audiência de instrução do caso Dayane Rodrigues, morta por feminicídio no dia 5 de dezembro de 2024 em Londrina, será nesta quarta-feira (21), às 14h, no Fórum Criminal de Londrina. A sessão pode definir se o suspeito, ex-companheiro da vítima, irá a júri popular. Familiares da vítima esperam uma resposta célere da justiça para que possam seguir a vida.
O crime de feminicídio aconteceu no dia 5 de dezembro de 2024, na casa onde Dayane morava com Renan Pereira, companheiro dela por 11 anos e que confessou o crime. Pereira foi preso no mesmo dia. De acordo com a Polícia Civil, ele relatou ter desferido golpes de faca na vítima, que tinha 30 anos à época. Após o crime, gravou um vídeo com o corpo de Dayane. O casal tinha um filho de 10 anos, que estava na escola no momento do assassinato e hoje está sob a guarda da avó materna.
Segundo depoimento, Renan alegou ciúmes como motivação para o crime, dizendo desconfiar de uma traição. Antes de cometer o assassinato, ele ingeriu álcool e drogas. Na sequência, procurou o suposto amante da esposa e também o atacou com golpes de faca. O homem conseguiu fugir. Renan teve a prisão em flagrante convertida para preventiva no dia seguinte ao crime.
Néias Observatório de Feminicídios, que acompanha o caso, reforça que nenhuma suspeita ou alegação pode justificar um assassinato.”Independentemente do que o agressor tenha afirmado, não aceitaremos qualquer tentativa de responsabilizar ou atribuir condutas à vítima que sirvam para atenuar a gravidade do crime ou revitimizá-la. O único crime em questão é o feminicídio cometido por um homem que já confessou o ato. Traição, além de não ser crime, não é justificativa para a violência”, defende Néias.
Adriana Rodrigues, mãe de Dayane, relembra os momentos de desespero vividos naquele dia. Trabalhava no Hospital Universitário e, ao ser chamada na portaria por seu filho, pressentiu que algo grave havia acontecido. “Ele me disse que o Renan tinha matado a minha filha. Que ela estava no IML. Eu entrei em choque. Não consegui ir até lá”, relata.
Ela conta que mandou “bom dia” para Dayane por volta das 5 da manhã daquele dia. “Eu e ela trabalhávamos em turnos de 12 horas e falávamos bastante por whatsapp. Recebi uma resposta por volta das 7 horas, mas não acho que tenha sido ela”, conta.
O crime ocorreu às 8h40, com uma facada nas costas e três no peito. “Eles tinham uma relação marcada por violência e manipulação. Ela sustentava a casa, se trancava no quarto com o filho por medo, não conseguia sair do ciclo de violência”, relata Adriana.
Dayane, segundo a mãe, era uma mulher doce, gentil, dedicada ao trabalho e ao filho. “Ela falava baixo, era educada, sempre cuidou com carinho das pessoas. Uma mãe incrível. Meu neto era tudo para ela. Minha filha não merecia passar por isso.”