Cidade

Um mês após tornado, Rio Bonito do Iguaçu luta para reconstruir a vida entre escombros e esperança

08 dez 2025 às 12:55

Há exatos 30 dias, Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Paraná, viveu o maior desastre natural de sua história. Um tornado de categoria F4, com ventos que chegaram a 418 km/h, varreu a cidade e deixou para trás um rastro de destruição, mortes e milhares de vidas interrompidas pela força da natureza. Passado um mês, a região ainda enfrenta o desafio diário de reconstruir casas, comércios e rotinas, enquanto seus moradores tentam, ao mesmo tempo, reorganizar os próprios sentimentos.


Para muitas famílias, o processo de recomeçar exige mais do que resiliência. A cidade inteira viu em segundos casas sendo arrancadas do chão e estruturas reduzidas a escombros. Dona Marilda é uma das moradoras que agora convivem com feridas que não são apenas materiais. O marido dela foi uma das vítimas fatais do tornado, e a ausência é sentida a cada dia. Entre lembranças e a dor que persiste, a obra da nova casa, providenciada pelo Governo do Estado, representa o primeiro passo rumo a uma rotina possível.


Pelas ruas de Rio Bonito do Iguaçu, cada morador tem a própria história de sobrevivência. As cenas registradas há um mês ainda chocam, e o contraste entre o antes e o depois da tragédia salta aos olhos. A igreja da comunidade, que antes era ponto de encontro e celebração, desmoronou com a força dos ventos. Hoje, os cultos acontecem sob uma lona estendida como circo improvisado, onde os fiéis mantêm a fé e repetem o mantra que tem guiado a cidade: viver um dia de cada vez.


Outro símbolo da destruição é o supermercado onde cerca de 60 funcionários trabalhavam na manhã de 7 de novembro. A rotina foi interrompida de forma abrupta, quando o tornado atingiu o prédio e reduziu toda a estrutura a escombros. Nossa equipe registrou cenas de desolação e relatos de quem viu o local ser destruído em poucos minutos.


O município, que tem 33 anos e cerca de 15 mil habitantes, se tornou um grande canteiro de obras. Nos primeiros dias após o tornado, havia o temor de que moradores abandonassem a cidade, sem casas, comércios ou escolas para voltar. Para evitar o êxodo, o Governo do Estado montou uma força-tarefa no município para atender emergências e conduzir ações de reconstrução. Trinta dias depois, o governo federal instalou um grupo de trabalho para acompanhar as iniciativas federais e acelerar a retomada da infraestrutura local.


As obras avançam, mas a recuperação emocional tende a demorar mais. Ainda assim, o clima entre os moradores é de união e de coragem para seguir adiante. Em Rio Bonito do Iguaçu, o fim de ano será diferente, mais silencioso e marcado por saudade, mas também será, acima de tudo, sobre esperança.