Em Cambé, mais de oito mil pessoas não voltaram para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19. A Secretaria de Saúde já vacinou mais de 76 mil pessoas acima de 18 anos com a primeira dose, mas pouco mais de 67.800 retornaram para a dose complementar, resultando em uma taxa de abstenção de quase 10% nesta população estimada em pouco mais de 80 mil pessoas.
Segundo Wilson Liuti, epidemiologista da Secretaria de Saúde, para incentivar as pessoas a colocarem a segunda dose da vacina em dia, estão sendo feitas campanhas de repescagem. Nesta semana, dois dias vão ser exclusivos para receber a população que está com alguma das vacinas atrasadas.
Nesta segunda-feira (6) a repescagem foi para quem tomou a primeira dose da Pfizer (BioNTech) até o dia 13 de outubro; já na sexta-feira (10), a repescagem será para quem tomou a primeira dose da AstraZeneca (Fiocruz) até o dia 15 de outubro. A vacinação vai acontecer das 9h às 12h no formato drive thru na Rodoviária (Avenida Brasil, 1336 – Vila Salomé). É necessário comparecer com um documento com foto, CPF ou cartão do SUS, comprovante de residência e a carteira de vacinação com a anotação da primeira dose.
Segundo o especialista, todos os estudos preliminares indicaram a necessidade das duas doses para garantir a proteção contra o vírus. “Agora, a grande maioria das mortes é de pessoas que não tomaram a vacina ou que estão com o esquema vacinal incompleto. Apenas uma dose da vacina não garante a eficácia”, explica. A porcentagem de pessoas aptas a receberem a segunda dose, mas que não voltam estava abaixo dos 4% em meses anteriores e agora vem enfrentando uma alta. Para o especialista, a melhora no cenário pandêmico tem colaborado com essa crescente abstenção. “Como a transmissão do vírus e a chance de contágio têm diminuído, as pessoas vão perdendo o medo”, ressalta. Mas faz o alerta: “esse alto número de pessoas com o esquema vacinal incompleto pode fazer com que a cidade volte a apresentar muitos casos e mortes por conta da doença, como nos meses mais críticos da pandemia na cidade”.
Segundo os dados da Secretaria de Saúde, os grupos com mais taxa de abstenção de segunda dose são: população geral (6.880); profissionais da Saúde (340); professores e profissionais da Educação e Assistência Social (291); e portadores de comorbidades (160). “A maior taxa de abstenção é entre a população mais jovem, que é a que está tomando a segunda dose agora”, explica. Liuti esclarece que os idosos sempre foram os mais afetados pelo vírus e por isso a grande maioria completou o esquema vacinal e agora está recebendo a dose de reforço. “Mas com os mais jovens vêm sendo diferente, eles perderam um pouco do medo e têm deixado de lado a segunda dose, seja porque não têm muito tempo ou porque não acham necessário tomar a segunda dose”, frisa.
Até o momento, a Secretaria de Saúde já aplicou 83.179 primeiras doses, 67.988 segundas doses, 4.293 doses únicas e 8.793 doses de reforço na população acima de 12 anos da cidade.