Para solucionar o problema provocado pela falta de interesse de pediatras pelo serviço público, a Secretaria Municipal de Saúde de Londrina pretende lançar, no mês de maio, processo licitatório para a contratação de horas extras de médicos, a partir de empresas terceirizadas que possam fornecer os profissionais. De acordo com o secretário Felippe Machado, a previsão de contratação é de duas mil horas, o que corresponderia a 20 novos profissionais.
Outra medida para tentar atrair os profissionais será atualizar mais uma vez o valor do plantão. Porém, segundo o secretário, o aumento não solucionará a crise atual na pediatria. "As pessoas falam ‘por que não aumentam o valor do plantão?’ A questão é que nós temos recursos para isso, mas mesmo que a gente dobre o valor da pediatria no PAI, vamos resolver apenas o problema de lá. Muitos profissionais sairiam dos locais onde trabalham para trabalhar lá. Mas quando a criança ficar grave no PAI, para onde que eu vou mandá-la? Porque dessa forma, eu não vou ter retaguarda lá no hospital Infantil, por exemplo”, disse.
O secretário explica que a falta de pediatras não é um problema só da região, mas nacional. "Em Londrina, por exemplo, nos últimos 10 anos, apenas 73 pediatras se formaram. E desses, metade era de fora, ou seja, vieram fazer a residência e depois voltaram para suas cidades”, afirmou.
Para Machado, uma saída seria a criação de políticas públicas que incentivem a formação desses profissionais pelo governo federal.
Atualmente há 55 pediatras trabalhando na rede pública de saúde da cidade. São 23 nas Unidades Básicas de Saúde e 32 no PAI. Nessa última unidade, geralmente quatro ou cinco estão de plantão simultaneamente, disse o secretário. O número de atendimentos semanais chega a quatro mil.
“As pessoas colocam o PAI como o problema da pediatria, quando na verdade é a solução. Se não houvesse médicos lá, aí sim seria um problema. Por que o PAI está lotado? Porque os outros serviços também tem dificuldade para fechar a escala de pediatria”, completou Machado.