Ciência e saúde

Projeto Palliare oferece acolhimento à família de pacientes pediátricos nno HU

08 jun 2021 às 12:39

O tratamento no ambiente hospitalar vai além do cuidado com o paciente, mas também o acolhimento à família. Quem fica à beira do leito também necessita de um olhar específico das equipes para que possa passar por esse desafio. No Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop), o acolhimento às famílias faz parte do atendimento humanizado. Na UTI Pediátrica, local onde o responsável pelo paciente acompanha durante 24 horas o tratamento, a conversa é diária com a equipe multidisciplinar, e é a partir desse diálogo que as equipes identificam a possibilidade também da desospitalização do paciente através do “Projeto Palliare”. “O ambiente hospitalar é hostil para criança. O acesso venoso é dolorido, os exames são doloridos. E a casa é um ambiente conhecido, familiar. Por isso, é muito mais confortável, e sempre que possível conversamos sobre a desospitalização, para que o paciente possa ter essa comodidade do tratamento em casa”, explica o médico intensivista pediátrico, Julio Ricardo Ramos.  

O Projeto Palliare foi criado oficialmente em 2018 no Huop, mas oferece o suporte às famílias ainda antes de ser implantado. A maioria destes atendimentos são feitos às famílias de pacientes que precisam da ventilação mecânica. Desde 2011, 25 pacientes que precisavam desse suporte continuaram o tratamento em casa e receberam o atendimento do projeto. “Começou no acolhimento das famílias de pacientes paliativos, e os que precisavam desse suporte da ventilação. Mas desde que foi implantado o projeto o foco é na desospitalização, quando há a conversa e decisão com os familiares de que não há mais terapêutica hospitalar necessária para dar suporte ao paciente, e cientes do acordo, dão continuidade ao tratamento em casa”, diz a coordenadora de Enfermagem da UTI Pediátrica, Lígia Satiko Simomura.

Para a desospitalização desses pacientes é necessário ter um treinamento das equipes de saúde que atuam no município onde o paciente reside, e, além disso, modificações na residência, principalmente há a necessidade de suporte ventilatório. “Para a ventilação é preciso um cômodo modificado, ainda um relógio específico da companhia de energia, assim como um gerador. Tudo o que for necessário fazemos a ponte com os órgãos públicos, através do Serviço Social, para que a família consiga toda a adaptação necessária e tenha condições de receber o paciente em casa. Não é apenas desospitalizar, é um processo progressivo e realizado com muito cuidado”, explica o médico Julio.

Em Cascavel, os pacientes que são desospitalizados são acompanhados pelo PAID (Programa de Assistência e Internamento Domiciliar). Em outras cidades da região, o Huop oferece o treinamento às equipes, junto à Secretaria de Saúde do município, para que conduzam a assistência da melhor forma. Mas o atendimento junto ao Projeto não encerra na ida para casa. “Estamos sempre em contato sobre o estado de saúde do paciente, e disponíveis para qualquer intercorrência. Não encerramos o acompanhamento quando a criança vai para casa”, destaca Julio.

O Projeto Palliare na UTI Pediátrica integra o atendimento de toda a equipe multidisciplinar, que identifica as necessidades dos familiares no processo de recuperação. “O atendimento é feito para as famílias que não compreendem o diagnóstico e a intervenção é realizada pela equipe com objetivo de evitar outros conflitos familiares. Em algumas situações a equipe até mesmo resgata o convívio com a família do paciente durante esse processo”, comenta Julio.

CUIDADO PALIATIVO

Os cuidados paliativos de um paciente é quando não há mais efeito de cura da enfermidade. É quando também há a necessidade de apoio aos familiares. Nesse momento, o objetivo é proporcionar conforto ao paciente, também com a possibilidade da desospitalização. “Cuidados paliativos para crianças é muito diferente de um adulto, e assim, a abordagem também é realizada de forma diferente. O objetivo é que essa criança tenha o melhor cuidado e conforto possível, e claro, precisamos sempre acolher à família para que compreendam o diagnóstico e possam decidir junto com as equipes a possibilidade de retorno para casa”, ressalta.

Assessoria