Projetos desenvolvidos pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) vêm fortalecendo a atividade produtiva da apicultura, a partir da capacitação técnica de produtores rurais. Com foco em boas práticas apícolas, a iniciativa contempla a produção e o beneficiamento de mel e derivados.
O Centro de Ciências Agrárias da UEL desenvolve dois projetos de pesquisa com foco na inovação e no desenvolvimento tecnológico de produtos apícolas. As ações abrangem a proteção e preservação ambiental, o aproveitamento da biodiversidade e o melhoramento da agricultura, assim como a qualificação técnica de produtores.
A coordenadora das iniciativas científicas, professora Wilma Aparecida Spinosa, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UEL, aponta características medicinais e sensoriais do mel de abelha sem ferrão, o que tem ampliado o interesse pela meliponicultura em comunidades rurais e no próprio mercado de alimentos. O produto já é procurado por consumidores, principalmente pelos efeitos terapêuticos.
“Considerado um ingrediente brasileiro, esse mel é conhecido por proporcionar benefícios à saúde humana, atribuídos a propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e antioxidantes. Por isso, diversos estudos investigam a composição nutricional e físico-química do mel de abelha sem ferrão, identificando compostos terapeuticamente ativos e demonstrando os benefícios para a saúde, a partir do consumo regular do produto”, pontua a pesquisadora.
Ela também destaca a importância do levantamento de dados relativos ao mel produzido por meliponíneos para aprimorar a cadeia produtiva e favorecer o desenvolvimento de novos produtos a partir do mel de abelha sem ferrão.
“A alta gastronomia valoriza muito sabores regionais, exóticos e produtos inovadores, o que demonstra um potencial de consumo desse mel de abelha sem ferrão”, afirma, destacando que o Brasil dispõe de grande diversidade desse tipo de abelha, com mais de 200 espécies distribuídas em todo o território.
Com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), os projetos envolvem 19 pesquisadores – são 10 de graduação e nove de pós-graduação (cinco de mestrado e quatro de doutorado).
LIDERANÇA – Em 2015, o Paraná assumiu a primeira posição na produção nacional de mel, com aproximadamente 6,29 mil toneladas produzidas, conforme dados do IBGE. O Estado possui em torno de 15% da produção de todo o Brasil, com mais de 20 mil colmeias cadastradas em cerca de 2 mil meliponários (conjunto de colmeias).
A estimativa é que a produção do mel de abelha sem ferrão, em todo o País, ainda seja dez vezes menor que a produção do mel de abelha da espécie Apismelífera, evidenciando o potencial dessa atividade produtiva.