O Hospital do Câncer Uopeccan de Umuarama ultrapassou mil atendimentos de casos suspeitos e confirmados da covid-19. De acordo com o levantamento feito pela instituição, entre março do ano passado até agora foram realizados 1.268 internações, 937 pessoas diagnosticadas e 331 casos descartados.
Abílio de Oliveira, 66 anos, foi o primeiro paciente que recebeu alta na Uopeccan de Umuarama, em março de 2021. “Eu estava viajando e passei por Umuarama, comecei a espirrar e senti dor na nuca, cheguei a pensar que eu estava com sintomas de dengue”, afirma Abílio de Oliveira. Segundo ele, o momento que recebeu o diagnóstico da cura jamais será esquecido. “Quando vi o resultado, agradeci a Deus primeiramente. Hoje vejo a importância de usar máscara e tomar as medidas preventivas contra a covid-19”.
Para os profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate do coronavírus, eles não lutam somente contra a doença, mas também pelo cansaço e desgaste emocional devido ao aumento de casos e perdas. Independente da faixa etária dos pacientes, todos são tratados com amor e empatia. “Todos são importantes, independente se tiveram um desfecho bom ou ruim. Existem algumas situações que, principalmente pacientes novos, que são pais e mães, acabam falecendo ou ficando com sequelas por causa da doença. Em outros casos, os pacientes infectados por covid, que ainda não passaram a fase de transmissibilidade da doença por protocolo são enterrados sem velório, isso acaba trazendo muita angústia para família”, diz o médico, coordenador da UTI, Fernando Keiti Nogami.
Segundo a médica responsável da ala covid, Dra. Carla Dal Ponte, apesar dos desafios durante esse período, a união da equipe multidisciplinar tem sido imprescindível para oferecer assistência aos pacientes e familiares. “O nosso objetivo é sempre promover o melhor, tentar levar todo mundo para o seu ambiente domiciliar e o afago da família, mas infelizmente muitas vezes a covid leva algumas pessoas, para nós profissionais da saúde isso acaba sendo muito doloroso. Também me marca muito as altas, que é uma grande vitória da equipe, dos pacientes e familiares, então posso dizer que é um processo de altos e baixos aqui dentro”, destaca a médica.
Além das perdas dos pacientes, muitos profissionais de saúde evoluem a óbito lutando para salvar vidas, como ressalta o médico infectologista, Raphael Chalbaud Biscaia Hartmann. “Os momentos mais marcantes foram com atendimentos de colegas médicos, enfermeiros, onde pessoas jovens lidando com a rotina cotidiana do coronavírus, extremamente de certa forma lesiva e cáustica, onde temos que lidar com diversas situações. Não podemos baixar a cabeça e não pode ter uma lágrima, lutar pela vida dos outros. Essa pandemia mostrou por um lado, que tem uma intensa doação dos profissionais da saúde, e por outro lado, tem a negação das pessoas em relação a essa doença”.
Conforme a enfermeira especialista em Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), Fernanda Menchon Bocci, esse período tem sido realizado um trabalho incansável para obter todo suporte aos profissionais e pacientes. “Foram revisados e criados novos protocolos, e feitos treinamentos para os nossos colaboradores. Ainda vivenciamos os mesmos medos e angústias do início da pandemia, porém continuamos com as nossas atividades, inclusive para não se perder processos que já existiam, por exemplo infecções, principalmente para proteger os nossos pacientes oncológicos”.
Assessoria