O momento de ter filhos pode ser uma fase planejada ou não, mas, independentemente do caso, algo essencial para garantir um futuro estável para os jovens é ter um planejamento financeiro. Para entender mais sobre finanças, a economista Regina Lucia Sanches, em entrevista a Cíntia Calizotti no podcast Cíntia Invest, explica como elaborar um futuro financeiro para os filhos.
De acordo com Regina, uma pesquisa realizada pela instituição financeira InfoMoney revelou o custo para criar um filho até os 18 anos. O levantamento aponta valores entre R$ 480 mil e R$ 3,6 milhões. A economista explica que os valores médios apresentados na pesquisa variam de acordo com a renda e o estilo de vida familiar. “A diferença nos valores é proporcional à renda familiar. Quanto maior a renda familiar, maior será o gasto. Isso vai envolver padrão de vida, gastos, consumo... Tudo o que a pessoa realiza é diferente”, esclarece Regina. A especialista ainda destaca que é necessário considerar os gastos antes de ter o filho e também que os jovens podem sair de casa e conquistar a independência financeira mais tarde, por volta dos 24 ou 25 anos.
No processo de desenvolver um planejamento financeiro para o futuro dos filhos e juntar recursos, é necessário considerar o tempo de retorno dos investimentos, já que alguns podem levar anos para render um valor considerável e possuem questões específicas para a retirada do dinheiro. “Quanto mais cedo começar o desenvolvimento de investimentos, menor será a necessidade de recursos para fazer aportes”, explica a economista. A especialista ainda ressalta que ter recursos no futuro pode facilitar a vida do jovem quando ele precisar começar uma faculdade, investir na carreira, ou ainda quando os pais optarem por oferecer uma educação privada.
Tipos de Investimento
A economista Regina Lucia explica que, para montar um planejamento financeiro para os filhos, é necessário analisar o retorno do produto financeiro, a tributação sobre o investimento, o quanto será descontado, e as taxas de administração. A especialista não descarta que investimentos como a previdência sejam uma boa opção, quando o objetivo é garantir um retorno futuro para os filhos. “A previdência é um produto que visa garantir o valor investido e dar algum ganho. Porém, é preciso estar atento às taxas de administração e à reputação da instituição financeira. Antes de comprar uma previdência em um banco, é preciso analisar o retorno que o banco oferece e comparar com outras instituições”, explica.
Quanto aos investimentos de curto prazo, como CDB, RDB e Tesouro Direto, a economista pontua que são recursos voltados para retorno em prazo mais curto, mas que ainda assim podem gerar ganhos ao longo do tempo, com a vantagem de disponibilidade imediata. “Quando se trata de custo de oportunidade, como investimento em um imóvel ou ações na bolsa de valores, quando já se tem algum recurso guardado, é possível obter um ganho considerável. Mas é necessário ter conhecimento e a mínima certeza de que o investimento dará retorno”, afirma Regina.
Educação Financeira
Ensinar sobre o valor do dinheiro é um aspecto fundamental, mas uma grande dúvida, quando os pais iniciam a educação financeira com os filhos, é sobre quais métodos utilizar para desenvolver essa percepção. A mesada, por exemplo, pode ser uma boa ferramenta para ensinar as crianças sobre finanças e valor do dinheiro. “A educação financeira é algo que os pais precisam desenvolver em si mesmos e repassar isso aos filhos. E, para inserir o método da mesada, é necessário ter regras e segui-las. Um exemplo disso é estabelecer que, se gastar todo o dinheiro, a criança não receberá mais. É importante também definir com o que a mesada pode ou não ser usada”, pontua a economista.
Outro método que pode ajudar a desenvolver a percepção de valor do dinheiro é a bonificação por tarefa finalizada. Lavar a louça, arrumar a cama, o quarto, fazer tarefas da escola, entre outras atividades — tudo pode ser negociado e atribuído a um valor. Nesse sentido, Regina explica que é importante haver uma diferenciação entre obrigação e tarefa remunerada. “Nem tudo precisa de um bônus ou incentivo financeiro para que a criança continue fazendo. Ela precisa entender que algumas coisas devem ser obrigatórias, mesmo sem retorno em dinheiro. A bonificação deve ser para algo que foi além da obrigação, para questões que não estão definidas nas regras da casa. A ideia é estimular a criança a querer mais e se desenvolver em diversas áreas”, conclui a especialista.
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