No Brasil, atualmente, para que um cidadão se aposente, a regra básica exige idade mínima para cada gênero e, no mínimo, 15 anos de contribuição. Também há regras que consideram 30 a 35 anos de contribuição, independentemente da idade. No entanto, essas normas passam por mudanças frequentes, o que gera debates e incertezas sobre o futuro no mercado de trabalho e a vida após determinada idade.
Em entrevista a Cíntia Calizotti no podcast Cint Invest, a especialista em Direito Previdenciário e Trabalhista Silvia Gazda, que atua há 20 anos na área, analisou os desafios da aposentadoria pública e a forma como os jovens, especialmente da Geração Z, se encaixam nessa discussão. Segundo ela, há um desinteresse crescente dos jovens em planejar o futuro. “Hoje os jovens possuem uma outra visão de futuro e de suas vidas no presente. Os interesses estão concentrados no agora, mas o jogo muda, e todo mundo envelhece. É preciso pensar nessa questão”, pontua Silvia.
A especialista alerta que depender exclusivamente da aposentadoria pública pode ser arriscado a longo prazo, já que o valor dos benefícios não acompanha o aumento do custo de vida na velhice. Ela observa que muitos jovens seguem o lema “viver o agora”, ignorando os impactos dessa escolha no futuro. De acordo com Silvia, após a última reforma da Previdência, implementada em 2019, os critérios tornaram-se mais rígidos, com a inclusão de pedágios e fórmulas de cálculo menos vantajosas. Ela explica que é fundamental considerar essas mudanças legais ao longo da vida: “Pode ser que o jovem, no futuro, esteja perto de se aposentar, mas uma nova lei governamental mude tudo e o impeça de se aposentar no tempo previsto. Todas essas perspectivas precisam ser consideradas", exemplifica.
Silvia também destaca que outro fator que complica o cenário é o avanço da "pejotização", em que trabalhadores são contratados como pessoas jurídicas, no lugar de serem registrados com carteira assinada, o que reduz significativamente a contribuição previdenciária. Isso pode, segundo ela, enfraquecer ainda mais a rede de proteção pública. Diante das inúmeras possibilidades para o futuro, ela defende que a diversificação das fontes de renda é essencial. “É preciso pensar na diversificação de renda e nas alternativas de aposentadoria. Mas trocar o INSS por uma previdência privada, exclusivamente, também pode ser um risco”, adverte.
A especialista recomenda uma estratégia combinada: manter o vínculo com a aposentadoria pública e, ao mesmo tempo, investir em previdência privada, imóveis ou outros produtos financeiros. A chave, segundo ela, é começar cedo e aproveitar os benefícios dos juros compostos. Mesmo para quem está no início da trajetória profissional, pensar no futuro deve ser prioridade. “É esse planejamento que pode garantir uma aposentadoria digna e segura lá na frente”, conclui Silvia Gasda.
Acompanhe esta e outras entrevistas do Cíntia Invest por aqui.