Cotidiano

Podcast revela bastidores da PEL II e o processo de reintegração social da unidade

12 jun 2025 às 15:59

Em uma visita inédita para a série sobre o sistema prisional, o professor Fabrício Carraro, do podcast Heróis e Vilões, teve acesso exclusivo à Penitenciária Estadual de Londrina II (PEL II). Pela primeira vez, um podcast ultrapassou os portões da unidade de progressão, que abriga mais de mil detentos em regime fechado, para mostrar o cotidiano do sistema penitenciário. Acompanhado pelo vice-diretor Gustavo Tacca, com quase duas décadas de experiência no sistema prisional, Carraro percorreu setores da unidade, que funciona como uma verdadeira “cidade paralela”.


A rotina da PEL II é organizada como a de uma pequena cidade, onde cada setor desempenha um papel no processo de reintegração. A unidade conta com espaço educacional, biblioteca, campo de trabalho, parlatórios e até um setor de raio-X com tecnologia avançada para inspeções. As celas são mecanizadas, o que evita o contato direto entre funcionários e internos e cada espaço abriga três detentos. Segundo o vice-diretor, disciplina e organização são essenciais para manter o ambiente funcional e seguro.


Cerca de 150 internos trabalham em oficinas de costura conveniadas dentro da prisão, enquanto outros 300 atuam fora da unidade, sob monitoramento eletrônico e autorização judicial. O sistema educacional da penitenciária oferece desde alfabetização até o ensino superior, com cursos como Filosofia, Serviço Social e Análise de Sistemas, em instituições de Londrina. De acordo com Tacca, a ressocialização é uma prática constante. “O que nós proporcionamos aqui é que o detento entre no sistema e, quando sair, esteja melhor do que entrou, pois teve oportunidade de trabalhar, estudar e enxergar outra possibilidade de vida.”


O apoio familiar é outro pilar essencial. O serviço social da unidade trabalha para garantir os direitos dos internos e mantém contato frequente com as famílias para preservar os vínculos afetivos.“Se a pessoa sai e não tem apoio, é mais fácil que ela volte em algum momento”, afirma a assistente social Bruna Galeano. Iniciativas como os círculos restaurativos, implementados em 2023, reforçam esse vínculo, promovendo encontros entre internos e familiares antes da liberação para o trabalho externo. A taxa de reincidência entre os que participam dessas atividades, dos trabalhos e do processo de ensino é de apenas 1% a 2%.


Para Tacca, a PEL II representa uma sociedade paralela. “A penitenciária é um ambiente com comportamento, regras e até linguagem próprios. É uma outra vida”. Segundo o professor Carraro, a visita do podcast Heróis e Vilões revelou um retrato raro: o de um sistema prisional que, apesar dos desafios, oferece dignidade, trabalho e esperança de recomeço.


Acompanhe esta e outras entrevistas no podcast Heróis e Vilões.