A proteção patrimonial é um tema cada vez mais relevante, mas frequentemente abordado de forma superficial. Para entender mais sobre o assunto, o especialista em holdings familiares e patrimoniais, Fábio Lunardi, em entrevista a Cíntia Calizotti no podcast Cíntia Invest, explica a distinção entre "blindagem" e "proteção" de bens. De acordo com Fábio, a ideia de "blindagem patrimonial", amplamente difundida na internet, cria uma falsa sensação de invulnerabilidade que não se sustenta na realidade jurídica brasileira, marcada por inseguranças, especialmente na esfera trabalhista.
O especialista explica que o conceito de "holding", popularizado como uma solução universal para proteção de patrimônio, também é frequentemente mal interpretado e aplicado de forma inadequada. Muitas famílias são levadas a acreditar que precisam de uma holding quando, na verdade, suas estruturas jurídicas necessárias são bem mais simples e nem se qualificam como holdings tradicionais. “A holding é uma invenção da mídia para poder vender, porque uma holding só existe quando ela tem participação societária em outras empresas", esclarece Fábio Lunardi. Ele ainda ressalta que a complexidade do tema exige profissionais que dominem diversas áreas do Direito e da Contabilidade, como o Direito de Família, Tributário e Sucessório, não apenas a contabilidade básica.
De acordo com Fábio Lunardi, o verdadeiro planejamento patrimonial vai além da otimização tributária, focando na perpetuação do patrimônio por gerações e na proteção da harmonia familiar. O especialista explica que, em cada família, há uma necessidade diferente, como a preocupação com a gestão de bens por filhos imaturos ou a proteção de um filho dedicado ao negócio familiar. Esse processo exige diálogo e a superação de tabus como a morte e o dinheiro, frequentemente adiados por procrastinação, o que resulta em inventários custosos e disputas judiciais. "O foco das estruturas patrimoniais não pode ser só financeiro; tem que ser a perpetuação do patrimônio por gerações, a proteção da atividade e a continuidade do negócio familiar", pontua Lunardi.
Fábio também explica que há diversas ferramentas que podem complementar o planejamento financeiro, como seguros de vida e previdência privada, que oferecem liquidez imediata aos herdeiros sem a necessidade de passar pelo inventário, aliviando o momento de dor. Contratos de namoro, pactos antenupciais e acordos societários revisados periodicamente são cruciais para definir regras claras e evitar conflitos futuros.
O consultor ainda pontua que uma assessoria profissional contínua é vital para adaptar o planejamento às mudanças da vida, como casamentos, nascimentos de netos ou alterações empresariais. "Não basta fazer o planejamento agora e não considerar as várias mudanças na família. É preciso que o planejamento esteja em constante atualização", alerta Fábio Lunardi.