Na última segunda-feira (12), Estados Unidos e China anunciaram um acordo para reduzir tarifas sobre produtos importados, com uma pausa de 90 dias na imposição de novas taxas. A medida, vista como uma tentativa de aliviar as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, ainda é recebida com cautela por analistas.
A colunista econômica da Rádio Bandeirantes, Juliana Rosa, destacou que, apesar da trégua, a tarifa de 30% imposta pelos EUA sobre produtos chineses continua alta. “Os 10% aplicados pela China são mais toleráveis. Os EUA estão comemorando como se essa assimetria – de estarem cobrando mais do que a China – fosse contribuir para a redução do déficit comercial que o país tem com o mundo”, afirmou.
Segundo Juliana, o desequilíbrio comercial dos Estados Unidos, que importa mais do que exporta, não será resolvido apenas com a elevação de tarifas. “Especialistas consideram isso um equívoco, pois o país tem um consumo interno muito forte e não teria capacidade de suprir um aumento de demanda apenas com produção local”, explicou.
A colunista também chamou a atenção para os impactos globais da incerteza gerada pelo impasse comercial. “A incerteza tem travado decisões de negócios. Como fechar um acordo sem saber qual será o valor da tarifa?”, questionou.
Para o Brasil, o momento exige atenção redobrada. Juliana Rosa avalia que, embora um acordo entre China e EUA possa impulsionar o crescimento econômico brasileiro, há riscos associados. “Por um lado, um eventual acordo pode ajudar no crescimento econômico do país, mas por outro, pode atrapalhar a queda da inflação. O dólar, que estava em queda, voltou a subir”, observou.
Além disso, o agronegócio brasileiro pode ser diretamente afetado. “É importante acompanhar a produção agrícola, já que a China vinha comprando mais produtos brasileiros. Com um acordo com os Estados Unidos, essas compras podem ser redirecionadas para o mercado americano”, alertou a jornalista.
A trégua de 90 dias abre espaço para negociações diplomáticas, mas o cenário global segue volátil — e com efeitos que podem ser sentidos diretamente na economia brasileira.