Economia

Dólar sobe 0,58% com exterior e tem novo pico no ano

27 mar 2018 às 18:20

O movimento de aversão ao risco no mercado internacional levou a cotação do dólar a emplacar novo pico em 2018, atingindo nesta terça-feira, 27, a maior cotação desde 22 de dezembro. A moeda já iniciou o dia em alta e consolidou a tendência com as tensões nos Estados Unidos, que levaram a uma expressiva queda das bolsas de Nova York na última hora de negócios. As incertezas do cenário doméstico acabaram por ficar em segundo plano neste dia de maior estresse no exterior.

Ao final dos negócios, o dólar à vista foi negociado por R$ 3,3285, em alta de 0,58%. Ao longo do dia, a cotação chegou à máxima de R$ 3,3365 (+0,82%), registrada no período da tarde.

"Há um claro viés de alta para o dólar ante aos seus principais pares e também ante os emergentes. O que ocorreu por aqui não fugiu muito do que se viu no exterior, até porque não tivemos nada específico de Brasil, como uma forte piora do CDS", disse Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.

O período da tarde foi marcado por expressiva queda das bolsas de Nova York, puxadas por ações do setor de tecnologia, com temores de agravamento da crise envolvendo o Facebook, que se vê envolvido num escândalo da mau uso de dados de usuários e diante da possibilidade de o diretor executivo da empresa, Mark Zuckerberg, ter de testemunhar ao Senado dos EUA. Em busca de maior proteção, investidores reduziram posições em ativos de risco, e buscaram a segurança dos Treasuries e do dólar. No mercado brasileiro, aliás, foi destaque a notícia de que o saldo líquido dos investimentos estrangeiros na B3 em 2018 passou a ficar negativo na última sexta-feira.

Para Fernando Bergallo, diretor de câmbio da FB Capital, a proximidade dos eventos políticos internos, como o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (4/4) e o fim do prazo de desincompatibilização de cargos para concorrência às eleições (7/4), pode dar início a um período de maior volatilidade no mercado de câmbio.

"Atualmente, eu diria que o cenário externo tem peso 2 na composição do câmbio e o cenário interno tem peso 1. Com o início da corrida eleitoral, o cenário doméstico deve se sobrepor, o que significa que provavelmente entraremos em um período de volatilidade, uma vez que esta é uma eleição totalmente indefinida", disse o profissional.