Com o objetivo de acelerar a integração comercial entre Brasil e Índia, empresários, diplomatas e representantes dos governos dos dois países discutiram nesta segunda-feira (7) oportunidades de parcerias. Realizado paralelamente à Reunião de Cúpula do Brics, o Fórum Econômico Brasil–Índia ocorreu em honra à visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, ao Brasil.
Ocorrido no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, o evento teria a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, Lula cancelou a ida porque embarca ainda nesta segunda para Brasília, onde receberá Modi nesta terça-feira (8) no Palácio do Planalto.
Como a Índia presidirá o Brics em 2026, o país teve destaque na programação. O encontro identificou 385 oportunidades para produtos brasileiros no mercado indiano, nos setores de combustíveis minerais, máquinas e equipamentos de transporte, artigos manufaturados, produtos químicos, óleos animais e vegetais.
O Fórum Econômico Brasil–Índia foi promovido pela ApexBrasil, MDIC, MRE, CNI, Câmara de Comércio Índia–Brasil (CCIB) e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI).
Na abertura, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou que o Brasil é um dos principais destinos de investimentos estrangeiros, enquanto a Índia ultrapassou a China em população e oferece amplo mercado consumidor.
“O comércio bilateral, hoje em torno de R$ 12 bilhões, é ainda pequeno. Há espaço para crescimento em ambas as direções”, disse Viana.
Conselho Empresarial
O presidente da CNI, Ricardo Alban, ressaltou que as economias brasileira e indiana são complementares. Ele citou a atuação conjunta em áreas como cana-de-açúcar, etanol e combustível sustentável de aviação.
Durante o fórum, CNI e FICCI anunciaram a criação do Conselho Empresarial Brasil–Índia, para promover diálogo entre empresários e governos e formular propostas para o ambiente de negócios.
Novo modelo
O secretário-executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, defendeu que os países atuem juntos em um novo modelo de desenvolvimento sustentável, com foco em economia verde, economia digital e inclusão social.
Ele destacou que o Brasil possui um parque industrial resiliente, mercado interno amplo e diplomacia econômica ativa.
Multilateralismo
O secretário de Promoção Comercial do MRE, Laudemar Aguiar, disse que o fórum busca consolidar uma agenda bilateral autônoma com foco em desenvolvimento sustentável e multilateralismo, reforçando o papel das duas democracias do Sul Global.
“A cooperação Brasil–Índia é essencial para uma ordem internacional mais equitativa e sustentável”, afirmou.
Números
A Índia é a quinta maior economia mundial, mas foi apenas o 13º destino das exportações brasileiras em 2024 e a 6ª origem das importações.
O principal produto exportado pelo Brasil foi o açúcar, mesmo com tarifa de 100% no mercado indiano. O Brasil importou principalmente compostos organo-inorgânicos e medicamentos, refletindo a força da indústria farmacêutica indiana.
Nos investimentos diretos, a Índia investiu US$ 2,93 bilhões no Brasil em 2023, ficando na 28ª posição do ranking. O Brasil investiu US$ 41,21 milhões na Índia, ocupando o 63º lugar.