Economia

Hidrogênio verde enfrenta desafios para cumprir potencial energético

27 set 2025 às 12:05

Em toda estrutura metálica das cidades, há um passado que envolve emissão de gases poluidores na atmosfera. Pontes, edifícios, carros e navios são construções formadas por aço, que libera grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂) ao ser produzido.


Preocupada com esse cenário, a engenheira química Patrícia Metolina desenvolveu uma solução para tornar as indústrias siderúrgicas mais eficientes e menos poluidoras: usar hidrogênio verde no processo de transformação do minério de ferro em aço.


A pesquisa vencedora do prêmio de teses da USP mostra o potencial do hidrogênio na transição energética necessária para enfrentar o aquecimento global. Segundo Patrícia, países como Suécia já validaram o uso industrial do aço verde, com grandes siderúrgicas investindo na tecnologia para reduzir emissões de CO₂.

O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançaram o Portal Brasileiro de Hidrogênio, plataforma online para ampliar informações estratégicas sobre o setor e atrair investidores.


O hidrogênio verde é obtido a partir de energias renováveis — hidrelétrica, solar e eólica — e pode ser usado como combustível, para produção de amônia (NH3) e na fabricação de aço verde.


Na siderurgia, a extração do minério de ferro gera emissões de CO₂ ao ser transformado em ferro com fornos a carvão. O método de Patrícia substitui o coque de carvão pelo hidrogênio verde, produzindo apenas vapor de água como subproduto.


O Brasil possui vantagens naturais para produzir hidrogênio, especialmente no Nordeste, onde energia eólica e solar podem abastecer siderúrgicas próximas, reduzindo custos e gerando aço sustentável.

Estudos da Hydrogen Council indicam que a demanda global por hidrogênio deve crescer cinco vezes até 2050, com mais de 1.500 iniciativas em andamento. A América Latina deve receber US$ 107 bilhões em investimentos, concentrados em fertilizantes, amônia e metanol, principalmente no Complexo de Pecém, Uberaba e Porto do Suape.


Apesar do potencial, o setor enfrenta desafios: alto custo de produção, infraestrutura logística limitada, ausência de marco regulatório, e necessidade de água purificada para eletrólise.


Projetos da Coppe/UFRJ mostram dificuldades práticas: eletrolisadores importados com defeito, água inadequada e manutenção cara. A professora Andrea Santos destaca que investimento em P&D, normas técnicas e infraestrutura é essencial para viabilizar o hidrogênio verde no Brasil.


A tecnologia ainda é cara, mas, com investimentos públicos e privados, pode se tornar competitiva, permitindo ao Brasil produzir hidrogênio verde de forma econômica, avançando na transição energética e na redução de emissões industriais.