O dólar terminou a semana em R$ 5,35, o menor patamar em quase um ano e meio, apesar da turbulência causada pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e pelas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros.
A moeda americana caiu 0,7% no pregão de sexta-feira (12), refletindo tanto fatores externos quanto o alívio momentâneo com a ausência de novas medidas retaliatórias dos Estados Unidos.
Cautela nos mercados brasileiros
Segundo a colunista de economia da BandNews FM, Juliana Rosa, o clima ainda é de cautela no mercado financeiro brasileiro. A decisão do STF, que condenou Bolsonaro e outros aliados por tentativa de golpe de Estado, acendeu o alerta de que o presidente americano poderia ampliar as barreiras comerciais contra o Brasil. Já existe temor em setores produtivos diante das tarifas aplicadas recentemente por Trump, que afetam, por exemplo, o agronegócio e a indústria.
Juliana Rosa destacou ainda que há apreensão quanto à possibilidade de extensão da Lei Magnitsky, atualmente aplicada ao ministro Alexandre de Moraes, para outros integrantes do STF ou autoridades brasileiras. “O setor bancário vive um limbo jurídico: teme sanções tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil”, explicou.
Fatores externos derrubam o dólar
Apesar das tensões políticas, a queda da moeda americana foi influenciada principalmente por dados que apontam a desaceleração da economia dos Estados Unidos. Indicadores recentes mostram perda de fôlego da atividade, o que aumenta as apostas de que o Federal Reserve (Fed) corte juros na próxima semana.
A perspectiva de redução das taxas nos EUA desvaloriza o dólar globalmente e, no Brasil, abre espaço para queda da inflação. Isso, por sua vez, pode contribuir para que o Banco Central brasileiro volte a cortar os juros ainda neste ano.
Impacto no Brasil
O recuo da moeda traz algum alívio ao cenário de alta da inadimplência e do endividamento das famílias brasileiras, mas a instabilidade política segue sendo um fator de preocupação. Especialistas avaliam que novos embates entre os dois países podem provocar volatilidade nas próximas semanas, sobretudo se houver mais retaliações comerciais.
Para o investidor, o momento segue de cautela: embora o dólar tenha alcançado o menor valor desde junho de 2024, a imprevisibilidade da política internacional e do cenário interno brasileiro mantém a incerteza no horizonte.