Um incêndio em um prédio no bairro Bigorrilho, em Curitiba, deixou uma pessoa morta nesta quarta-feira (8) – João Paulo de Gracia Correa, de 55 anos, se jogou do prédio após o início das chamas. A principal suspeita é de que um vazamento de gás tenha causado explosões, mas apenas uma perícia deve confirmar a hipótese.
O irmão da vítima, Marcelo José de Gracia Correa, conseguiu escapar das chamas, mas está em estado de choque. Ele ficou ferido e foi encaminhado ao Hospital Evangélico.
Os dois moravam sozinhos no apartamento. Segundo os bombeiros, quando a equipe conseguiu entrar no apartamento, encontrou apenas Marcelo, no banheiro. João Paulo teria pulado poucos momentos antes da chegada dos bombeiros, provavelmente por causa do pânico.
“Quando adentramos o apartamento, havia muita caloria, muito calor. Estava tomado pelo fogo”, conta o capitão Taylor Tomas. “Se você der uma respirada daquela fumaça, com temperaturas superiores a 600ºC, há a questão de falta de ar. De repente, uma queimadura de via aérea já causa um edema de glote, fecha a passagem de ar, isso gera um desespero, um pânico, muito grande”, explica.
“Isso leva ao desespero e, possivelmente, a pessoa deixe de raciocinar. Ela tenta sair daquela situação. É uma situação extrema. Ele veio a pular”, lamenta.
Fogo
O fogo começou por volta das 5h, no 15º andar, e as chamas demoraram cerca de uma hora depois. A Rua Padre Agostinho foi bloqueada, próximo à Rua Francisco Rocha. O trânsito foi liberado por volta das 9h, mas o prédio continua isolado. Engenheiros do Cosed e da Defesa Civil fazem uma vistorias para certificar se é seguro os moradores voltarem pros apartamentos.
Com a força das explosões, a esquadria de uma das janelas vou a uma distância de aproximadamente 50 metros, caiu em cima de uma lavanderia do outro lado da quadra. No estacionamento de uma panificadora que fica ao lado, há estilhaços e a chaminé do aquecedor a gás do apartamento.
O zelador relatou que havia sentido cheiro de gás no dia anterior e que avisou o morador. O proprietário teria dito que providenciaria o conserto. Porém, não há registro de vistoria recente de empresa especializada.
Vizinhos contaram que o apartamento dos irmão, onde eles moravam há mais de 20 anos, havia sido reformado recentemente e estava em excelente estado.
Nesta manhã, moradores relataram que ouviram uma explosão e, logo em seguida, avistaram o fogo. Eles foram retirados do prédio pelo Corpo de Bombeiros. Quatro equipes foram até o local. “A gente estava dormindo e houve uma explosão forte”, conta a moradora Alma Passos de Melo.
Ela conta que olhou pela janeira e que os moradores de prédios vizinhos gritavam que havia fogo no imóvel em que ela mora.
André Bagatin, síndico do prédio, conta que ouviu duas explosões. “Desci, vi que já tinha labaredas lá em cima. Foi fechada a central de gás e desligada a energia do prédio. Nesse momento, começaram a chegar as pessoas para fazer os devidos atendimentos, ambulâncias, Corpo de Bombeiros”, conta.
André Bagatin tem treinamento de brigadista de incêndio e auxiliou os moradores.
A Delegacia de Homem Homicídios e Proteção à Pessoa deve investigar o caso.
Solidariedade
Ângela Camargo, que é síndica do prédio em frente, conta que os moradores acolheram os vizinhos. “Eu acabei abrindo o edifício para que esse pessoal ficasse protegido”.
“O próprio pessoal do prédio forneceu água, fez café. O pessoal da panificadora em frente trouxe algumas coisas, para serem solidários com os moradores”, conta.
Fátima Regina Cazella, que trabalha na panificadora, chegou mais cedo no local após ser avisada sobre a ocorrência. “Meus funcionários, na hora que escutaram a explosão, entraram no edifício para ajudar o pessoal a sair”, afirma.
A panificadora funciona há 33 no local e os funcionários são conhecidos dos moradores, segundo Fátima. “A gente fez um sanduichinho para eles, um pãozinho de queijo. A vizinha já tinha feito café, a gente levou mais. Nessa hora, a gente tem que ser solidário”, afirma.
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