A equipe da Tarobá foi conhecer Joel Icassatti Duarte, um artista que encontrou na escrita poética uma forma de traduzir sua trajetória pessoal. Autista, Joel é professor, diretor teatral e agora também autor da coletânea "Vastos sons de um coração restrito", composta por 100 poemas numerados que refletem sua vivência e percepções do mundo.
Joel recebeu o diagnóstico de autismo apenas na vida adulta. No entanto, desde a infância já percebia na arte uma ferramenta essencial de expressão. Aos cinco anos, subiu ao palco pela primeira vez e encontrou ali um espaço onde se sentia seguro.
"Eu me vi num lugar onde todo mundo me via, mas não estava próximo, tinha uma certa distância, e eu conseguia lidar com aquilo... Então foi um ambiente que, de uma hora para outra, se tornou um ambiente de afeto e segurança", relembra.
Antes do livro, Joel já escrevia músicas e textos para teatro infantil. Mas foi o hábito curioso de um professor orientador que despertou a ideia de produzir um poema por dia — e assim nasceu o livro.
"Eu descobri que esse meu orientador, todo dia de manhã, mandava um poema para os seus contatos... Demorou um mês e meio até ele perceber que os poemas eram originais", conta Joel.
A obra traz em suas páginas a sensibilidade de uma vida observada pelo olhar do autismo. E embora seja escrita por ele, o projeto teve apoio fundamental da família.
Sua esposa, que também é artista, cantora, atriz e produtora cultural, ressalta a importância do livro para o autoconhecimento de Joel:
"O livro é uma forma dele se comunicar e também uma forma dele conversar com ele mesmo e se entender como ser humano dentro do autismo", afirma.
Em um mundo que ainda encontra dificuldades para compreender o que é diferente, a história de Joel é um lembrete poderoso de que cada pessoa tem um talento único a ser revelado.
"Não há limite para o lugar onde uma pessoa pode chegar", conclui Joel.