Licélio da Silva Lúcio está sendo julgado nesta terça-feira (21) pela acusação de duas tentativas de feminicídio, uma delas contra a ex-companheira Josiane Cristina Souza e a outra contra a mãe dela, Maria Cristina Jacinto da Silva. O crime ocorreu no dia 4 de outubro de 2020, no bairro Ernani Moura Lima, e teria sido cometido na frente da filha de 7 anos do ex-casal. Ao tentar matar Josiane e Maria Cristina, Licélio da Silva descumpriu medida protetiva de urgência deferida em favor da ex-companheira.
O Ministério Público (MP) denunciou Licélio pelos dois crimes com qualificadora de motivo torpe e de meio que impossibilitou a defesa da vítima, bem como causas de aumento de pena pelo delito ter sido praticado na presença da filha do ex-casal e em descumprimento das medidas protetivas de urgência.
Segundo a acusação do MP, Josiane já estava separada há mais de um ano e meio do acusado e tinha medida protetiva de urgência deferida a seu favor. No dia do crime, Licélio rompeu a tornozeleira eletrônica pela qual era monitorado e, desrespeitando a medida protetiva, entrou na casa das duas mulheres portando uma faca. Na frente da própria filha de 7 anos, desferiu diversas facadas na ex-companheira e na mãe dela.
Ao MP, Maria relatou que estava na sala de casa, observando sua neta brincar em frente ao
imóvel, quando viu Licelio saindo de um carro com uma faca na mão e adentrando repentinamente na residência. Ao perceber a intenção do acusado, tentou impedir que o mesmo chegasse até Josiane, que estava dormindo. Foi nesse momento que ela teria sido atacada pelo réu.
Josiane relatou não se lembrar de muita coisa, só de acordar com gritos da sua mãe e ao sair do quarto para ver o que estava acontecendo já viu a viu no chão e seu ex-marido com uma faca na mão. Ela disse, ainda, que ficou com sequelas físicas por causa das agressões, que lesionaram sua coluna, prejudicaram o equilíbrio e a obrigam a recorrer ao auxílio de uma cadeira de rodas.
O réu permaneceu em silêncio na delegacia. Em juízo não negou a agressão, mas disse ter
atacado as vítimas com a faca pelo fato de ter sido provocado por elas.
Histórico de violência
Josiane relatou que o acusado sempre foi violento, o que a levou a pedir medida protetiva em 2016, quando houve uma separação, mas posteriormente eles reataram e ela solicitou a revogação das medidas. Em 2019, após novo episódio de violência doméstica com agressão física e ameaça de morte, Josiane solicitou um novo pedido de medida protetiva de urgência, que foi deferido.
Assim que Licélio tomou ciência da ordem de afastamento, ligou para ela reiterando a ameaça de morte. A última ameaça feita foi gravada e informada nos autos da medida protetiva, fazendo com que o Ministério Público solicitasse o monitoramento eletrônico do acusado que, posteriormente, foi deferido pelo juízo.