Policial

Lar Anália Franco é denunciado por supostos casos de maus-tratos e abusos

07 set 2021 às 20:28

Um grupo de ex-funcionária do Lar Anália Franco está denunciando a instituição por agressões físicas contra as crianças. Uma das denunciantes prefere não se identificar por medo de represálias, mas relata que presenciava as agressões frequentes de pelo menos quatro cuidadoras.

“Agressão física e verbal. Muitas cuidadoras batem nas crianças, de jogar no chão, de dar tapa. Não tem dó, não. Eu presenciei lá”, disse a ex-funcionária.

O Lar Anália Franco atende crianças e adolescentes encaminhados pelo setor judicial, Conselho Tutelar e secretaria de Assistência Social desde 1963. Atualmente, tem aproximadamente 40 internos de 0 a 18 anos.

“Agressão geralmente ocorria na casa dos especiais e dos pequenininhos. Não tinha idade para elas agredirem, na hora de trocar jogavam com tudo em cima do trocador. Era só em cima da brutalidade, até bebê na hora de trocar uma fralda. As vezes não trocava e deixava ficar na carne viva. A gente tirava foto, mandava pra coordenação e não faziam nada”, afirmou.

O grupo de funcionárias que foram demitidas procurou o Conselho Tutelar e um processo foi aberto na justiça. Elas ainda afirmam que essa criança ficou com a mão marcada após ser amarrada. Até um caso de abuso sexual teria sido presenciado. “Ouvi falar através de outra cuidadora que ela presenciou uma outra cuidadora masturbando um especial”, disse.

Segundo a ex-funcionária, os casos teriam sido denunciados para a coordenação do lar e nada foi feito. Elas também denunciaram agressões verbais e coação de encarregados contra os colaboradores e um processo foi aberto no Ministério do Trabalho.

Após a denúncia, a justiça afastou a presidente, a vice-presidente e a coordenadora pedagógica. Em seguida, elas renunciaram aos cargos. No dia 15 de agosto, foi realizada uma reunião extraordinária com o conselho deliberativo e uma nova direção foi eleita de forma emergencial.

A equipe de jornalismo do Grupo Tarobá de Comunicação entrou em contato com o novo presidente do lar, Ângelo Pamplona, que preferiu não gravar entrevista neste momento, já que o processo corre em segredo de justiça.

Na ata de reunião do dia 15 de agosto, a qual a reportagem teve acesso, o novo presidente relatou que quando crianças são contrariadas elas acabam falando muitas vezes de acordo com suas interpretações para poderem satisfazerem vontades próprias. Segundo ele, o poder público acaba ouvindo as crianças e os diretores terminam sendo denunciados.