A ministra Cármen Lúcia, da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), apresentará seu voto hoje, a partir das 14h, no julgamento de Jair Bolsonaro (PL).
O placar atual é de 2 votos a 1 pela condenação do ex-presidente. Como três votos formam maioria na Primeira Turma da corte, a ministra pode consolidar a condenação de Bolsonaro e de outros réus do núcleo crucial da trama golpista de 2022.
Depois dela votará o ministro Cristiano Zanin.
O Supremo já tem maioria formada para condenar Mauro Cid, delator e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa) pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Discussões sobre as penas devem ocorrer na sessão marcada para amanhã.
Em junho de 2023, a ministra Cármen Lúcia foi a responsável por dar o voto no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que formou maioria para tornar Bolsonaro inelegível.
Em março de 2025, ao votar para tornar réus Bolsonaro e os outros acusados, a magistrada considerou que uma tentativa de golpe ocorreu, sim, e afirmou que a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) trazia fatos, dias e documentos.
"Felizmente, o golpe não deu certo. Temos democracia no Brasil. Temos um Supremo atuando como sempre atuou", afirmou Cármen Lúcia, ministra do STF.
Quem já votou
Os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram pela condenação de todos os réus —Dino indicou que deve diminuir a pena para alguns réus por ver "menor importância" na atuação deles.
Já Luiz Fux apresentou um voto para cada crime de cada um dos réus. O ministro discursou por quase 12 horas e absolveu de todas as acusações Bolsonaro, Amir Garnier (ex-comandante da Marinha), generais Parlo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Augusto Heleno (ex-chefe do GSI), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin).
O ministro condenou o delator Mauro Cid e o general Walter Braga Netto apenas por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Como foi o voto de Fux
O ministro defendeu a anulação do processo, argumentando que:
- o STF é "absolutamente incompetente" para julgar o caso: pelo entendimento do magistrado, nem Bolsonaro nem os outros réus do núcleo crucial têm foro privilegiado e, por isso, o caso deveria ser julgado na primeira instância;
- a ação deveria ser analisada não pela Primeira Turma (com cinco ministros), mas pelo Plenário (com todos os 11 ministros);
- o direito à defesa dos réus foi comprometido pela quantidade gigantesca de informações --um "tsunami de dados", segundo sua expressão.