O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um artigo, publicado neste domingo (20), em defesa da democracia. O texto também conta com assinaturas de outros cinco mandatários: Gabriel Boric (Chile), Pedro Sánchez (Espanha), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai).
No texto, os presidentes afirmam que a democracia enfrenta um momento de grandes desafios e que a erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores e o crescente desinteresse dos cidadãos são “sintomas de um mal-estar profundo em amplos setores da sociedade”.
“A isso se somam as persistentes desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da desinformação e de discursos de ódio em plataformas digitais, e a expansão de redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado”, escreveram os presidentes em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo e, posteriormente, publicado na conta de Lula na plataforma X.
“Diante desse cenário, não cabe o imobilismo nem o medo. Defendemos a esperança. Em um mundo cada vez mais polarizado, como líderes progressistas temos o dever de agir com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições”, destacaram.
Para eles, não basta evocar a democracia nem falar em seu nome, “devemos fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas”.
“É com mais democracia que criaremos mais oportunidades para as gerações futuras, e como melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima. Resolver os problemas da democracia com mais democracia, sempre.”
Segundo o artigo, esse é o princípio que convoca a reunião de alto nível “Democracia Sempre”, que será realizada em Santiago nesta segunda-feira (21) com os cinco chefes de Estado.
Ainda conforme a carta assinada pelos presidentes, as democracias não se constroem apenas a partir dos governos. “Construir propostas conjuntas e eficazes que fortaleçam a coesão social, a participação cidadã e a confiança nas instituições é um trabalho que não pode se limitar a cartas de boas intenções ou recair apenas sobre os governos de turno e seus representantes”.
“Por isso, essa iniciativa também convoca organizações sociais, centros de pensamento, juventudes e diversos atores da sociedade civil, porque sua participação e ação são fundamentais para que a democracia recupere sua capacidade transformadora”, diz trecho do artigo.
“A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o melhor caminho possível para garantir a paz e a coesão social, e as oportunidades para todos. Impulsionar estratégias comuns em favor do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos é um imperativo ético e político. Porque a democracia é frágil se não for cuidada”.
“Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre. E com a convicção de que defender a democracia nestes tempos difíceis não é apenas resistir e proteger, mas propor e seguir avançando. Essa é a tarefa urgente do nosso tempo”, finalizaram os presidentes.