Política

"Sendo candidato ou não, eles vão ter que nos engolir", afirma Lula

13 dez 2017 às 21:15

Em um evento típico de campanha eleitoral promovido pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer na noite desta quarta-feira, 13, que não quer ser candidato para se proteger, mas para provar sua inocência. "Sendo candidato ou não sendo candidato, eles vão ter que nos engolir", avisou.

Lula reclamou que vão tentar proibir sua candidatura alegando que houve antecipação de campanha, por causa das caravanas e discursos que tem feito pelo País. "Se eles não sabem como consertar esse País, eu sei. Se não sabem cuidar do povo brasileiro, eu sei", afirmou o ex-presidente, que mais uma vez fez críticas à imprensa.

Lula foi recebido por militantes do PT e simpatizantes. A quadra comercial onde fica o sindicato foi interditada. Um palco e um telão foram colocados do lado de fora do prédio e músicos recepcionaram os convidados. No auditório da entidade, militantes ergueram na plateia cartazes com os dizeres: "Eleição sem Lula é fraude". Participantes do ato pediram que Lula seja candidato à Presidência da República e prometeram se mobilizar no dia 24 de janeiro, data do julgamento do recurso da condenação do ex-presidente no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

O petista discursou do lado de fora do auditório e voltou a repetir que respeita as instituições e que defende um Ministério Público e uma Polícia Federal fortes. Lula, no entanto, reclamou que a PF fez um inquérito mentiroso e afirmou que o juiz Sérgio Moro deveria ter rasgado a denúncia apresentada. "O dia que me mostrarem meio crime que eu cometi, pedirei desculpas ao povo brasileiro", afirmou. Lula disse que já provou sua inocência e que cabe aos acusadores provar sua culpa. "Eles certamente não gostam e não querem que eu volte (à Presidência)", concluiu. O petista também criticou as colaborações com a Justiça e afirmou que está "cheio de malandro fazendo delação premida com tornozeleira e com o rabo cheio de dinheiro".

O petista declarou que, apesar de ter perdido três eleições, não fez como o tucano Aécio Neves (MG), que perdeu para Dilma e "fez a sacanagem que ele fez", plantando a discórdia. Para Lula, o "golpe" contra Dilma Rousseff foi uma doença que inventaram, chamada "PT e pedaladas". Comparando o impeachment a uma enfermidade, Lula afirmou que, após a operação, o "paciente" acordou da anestesia e viu que não se queria fazer uma cirurgia, mas que queriam "roubar o País". Ele citou como exemplo a reforma da Previdência, que é feita "em cima das costas do povo mais pobre". "Estou andando pelo Brasil, tentando ver se a gente acorda o povo brasileiro", disse.

Lula voltou a dizer que caráter não se compra ou se aprende na escola. "Caráter a gente adquire de pai e mãe", emendou. O petista criticou a classe média que usa camisa verde amarela e faz compras em Miami e disse que seus defensores têm orgulho de usar camisa vermelha. "Agora não tem mais panela, eles estão batendo cabeça", ironizou.

O ex-presidente disse que seu objetivo é fazer com que o trabalhador não seja vítima "dessas coisas que estão fazendo no Brasil". Durante o discurso, o petista disse que é melhor errar votando do que não ter eleições.