A maioria dos trabalhadores do transporte coletivo de Londrina e região deve continuar em greve até a segunda-feira (25). Essa foi a decisão tomada no final da tarde desta sexta-feira (22) pelos funcionários da TCGL, responsável por 65% das linhas de Londrina, e da TIL, que opera o transporte metropolitano.
A categoria está sem receber o adiantamento, equivalente à metade do salário, e o Programa de Participação nos Resultados (PPR).
Parte dos funcionários da Londrisul, que opera 35% das linhas, decidiu voltar a trabalhar na noite desta sexta-feira. A empresa prometeu quitar o valor devido no sábado (23) e ingressou com uma ação judicial pedindo multa de R$ 500 mil caso a paralisação prosseguisse.
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A TIL havia proposto o pagamento integral para os funcionários na segunda-feira (25). Já TCGL propôs pagar uma parte na segunda e outra no dia seguinte. Os trabalhadores rejeitaram as propostas e seguem de braços cruzados.
Ambas as empresas, controladas pelo mesmo grupo, alegam desequilíbrio financeiro em decorrência da queda drástica do número de passageiros durante a pandemia e afirmam não ter dinheiro em caixa para honrar os compromissos salariais.
Em nota divulgada nesta tarde, a CMTU apontou o não cumprimento da legislação sindical, que determina, antes da deflagração de greves, aviso prévio de 72 horas e 30% do efetivo trabalhando.
João Batista da Silva, presidente do Sinttrol, que representa os trabalhadores, rebateu. "Ninguém tinha bola de cristal para adivinhar que a empresa não ia cumprir seu compromisso na data correta. Portanto não se trata de ter que cumprir a lei de greve. A paralisação que eles fizeram é um protesto que eclodiu espontaneamente. Não é o sindicato que organizou e dirigiu".
TCGL é alvo de procedimento administrativo
Em nota, a CMTU afirmou que Londrisul e TCGL foram notificadas pela Companhia para retomar imediatamente a operação de todas as linhas do sistema de transporte, sob pena de sanções e multas contratuais.
Em resposta, a Londrisul comunicou a CMTU que fez, na tarde desta sexta-feira, o depósito complementando a antecipação salarial (vale) de seus funcionários, destacando que o restante já havia sido pago anteriormente. Informou que, diante do pagamento integral do vale, está solicitando que todos os seus funcionários retornem ao trabalho para atender a população londrinense.
A TCGL foi notificada por duas vezes pela Companhia para retomada imediata do serviço. Diante do não cumprimento, a CMTU afirmou que vai abrir procedimento administrativo para aplicação das penalidades cabíveis.
Prefeitura de Cambé vai à Justiça
A Prefeitura de Cambé interpelou na Justiça a TIL por conta da paralisação dos serviços de transporte público desde a manhã desta sexta-feira (22). O município solicita que a empresa tome todas as medidas necessárias para o reestabelecimento imediato, ainda que parcial, do transporte coletivo na cidade e região.
No pedido, a prefeitura ressalta que o direito de paralisação e greve é um direito constitucional dos trabalhadores. No entanto, a empresa deve tomar providências para a manutenção do serviço que é sabidamente essencial.
Segundo o entendimento do Município, a paralisação total do transporte coletivo fere os direitos individuais assegurados à população.
Com assessorias das prefeituras de Cambé e Londrina