Raquel Oliveira enfrenta uma luta na justiça e consigo mesma após ter a vida transformada por um procedimento estético malsucedido.
O caso dela trouxe à tona diversas denúncias contra uma clínica estética localizada na Rua Erechim, em Cascavel, que está sendo investigada por irregularidades graves, como o uso de PMMA, uma substância contraindicada, especialmente para fins estéticos.
O Conselho Federal de Farmácia aponta o registro do farmacêutico da clínica como inativo, enquanto o Conselho Federal de Medicina registra a suspensão judicial da autorização para atuação da médica.
As decisões decorrem de diversas denúncias contra o estabelecimento localizado na Rua Erechim, em Cascavel.
Raquel buscava o procedimento Sculptra, um bioestimulador de colágeno, mas o que recebeu foi o polimetilmetacrilato (PMMA), descoberto meses depois em uma biópsia.
O produto, que já era contraindicado pelo Conselho Federal de Farmácia e cuja proibição para estética foi solicitada à Anvisa pelo Conselho Federal de Medicina, resultou em deformidades no rosto da paciente.
"Hoje eu tenho que conviver com esse produto no meu rosto e fazer acompanhamento pelo resto da vida. Quero justiça, não só por mim, mas por todas as mulheres que foram afetadas", disse Raquel.
A clínica, que permanece aberta, já foi alvo de buscas pela Polícia Civil e vistoriada pelo Conselho Regional de Farmácia. O farmacêutico do estabelecimento teve o registro inativado, e a médica responsável está com autorização suspensa por decisão judicial.
Apesar disso, a defesa nega as acusações, afirmando que a profissional é qualificada e que Raquel estava ciente dos riscos ao assinar o termo de consentimento.
Além de Raquel, outras oito vítimas registraram boletins de ocorrência. Contudo, há relatos de mulheres que ainda não formalizaram denúncias. Segundo Raquel, muitas têm procurado orientação após seu caso ganhar repercussão.
O caso segue tramitando na esfera judicial, enquanto Raquel busca superar as sequelas emocionais e físicas deixadas pelo procedimento. "Eu olho para o espelho e não me reconheço mais. Não é só a questão estética, mas o impacto psicológico é devastador. Estou passando por terapia para tentar me aceitar", desabafou.
As investigações continuam, e as autoridades reforçam a importância de que possíveis vítimas procurem a delegacia para formalizar suas denúncias.
Defesa pede revogação da suspensão do registro de médica investigada
O advogado de defesa da clínica, afirmou que irá solicitar a revogação da decisão que suspendeu o registro profissional da cliente.
Segundo ele, a clínica onde ocorreram os procedimentos investigados possui dois CNPJs distintos, um da médica e outro do farmacêutico Tiago, seu marido.
O defensor ressaltou que os três casos denunciados envolvem procedimentos realizados exclusivamente por Tiago, sem qualquer participação de Carolina.
Ele afirmou que a médica apenas auxiliou nos curativos de uma das pacientes após as complicações, mas não realizou os procedimentos.
O advogado também informou que Tiago reconhece o erro na aplicação do PMMA, alegando que houve uma troca involuntária das seringas durante a manipulação dos produtos, devido à semelhança entre elas.
A defesa sustenta que não houve dolo na ação e que Carolina está sendo responsabilizada apenas por ser sócia da clínica e esposa de Tiago.
A médica e o farmacêutico seguem respondendo às investigações, prestando esclarecimentos à Justiça e à polícia.