Já me disseram que eu tenho uma preferência pelo Futebol Clube Cascavel (FCC). Também já ouvi que tenho uma ‘quedinha’ pelo Cascavel Clube Recreativo (CCR). Não sei se é algum tipo de ciúme, mas a minha resposta é sempre a mesma: “sou torcedor do futebol de Cascavel”. Já me viram na rua com a camisa aurinegra do FCC. E também já fui visto com a camisa tricolor do CCR. Coloco as duas com o maior orgulho e garanto que exibo as cores dos dois times de Cascavel com uma frequência muito maior que o meu time do coração: o Internacional. O meu sonho é ver o tão esperado encontro entre os dois clubes no futebol profissional, algo que nunca ocorreu na história. Os dois times já se cruzaram em algumas oportunidades nas categorias de base. Mas o tão sonhado jogo oficial entre os times profissionais nunca ocorreu. Eu diria que a gangorra entre os dois times não permitiu que isso acontecesse. Quando o CCR ocupou um posto privilegiado na primeira divisão estadual entre os anos de 2008 a 2011, o FCC ainda dava seus primeiros passos enquanto clube profissional. No ano em que a Serpente Tricolor se despediu da elite, a Serpente Aurinegra (que na época usava as cores azul e branco) tentava o seu acesso à primeira divisão.
Inclusive, nesta segunda-feira, dia 30 de abril, completam-se sete anos do último jogo do CCR na primeira divisão. Foi em 30 de abril de 2011 que o CCR fez um jogo de rebaixados com o Paraná Clube, no Olímpico, apenas para cumprir tabela e foi derrotado.
O tão esperado ‘clássico do veneno’, ou ‘clássico das serpentes’ ou ‘clássico dos guizos’ (surgirão inúmeros alcunhas para este duelo) poderia ter acontecido na segunda divisão de 2012. O CCR disputou o campeonato daquele ano. Mas problemas estruturais deixaram o FCC inativo.
Por desgraça dos tricolores, o time foi para a terceira divisão e o primeiro jogo oficial poderia ter acontecido em 2013. Porém, naquele ano, os problemas burocráticos assolaram o CCR e time ficou inativo. Curiosamente, foi o ano da reestruturação do FCC. O time se reorganizou, trocou de cores e foi campeão da terceirona. Depois, subiu com méritos ao conquistar o mais importante título até então, a segundona de 2014, e no ano que vem, vai para a quinta participação consecutiva na elite.
Talvez essa ascensão do Futebol Clube Cascavel (FCC) inspirou o time que é tratado como rival sem nunca terem se enfrentado. O Cascavel Clube Recreativo (CCR) também se reergueu. Foi campeão da terceira divisão estadual em 2015. E agora, depois de três tentativas na segunda divisão está a um ponto de retornar para elite.
Para a minha alegria, o primeiro embate oficial irá acontecer logo na elite, o ‘supra sumo’ do futebol paranaense. É verdade que, neste encontro das serpentes, o FCC vai ser o ‘primo rico’, com maior estrutura, maior apoio e maiores investimentos, algo que ele galgou ao longo dos anos na disputa da primeira divisão. O CCR, notoriamente, vai ser o primo pobre. No entanto, uma virtude que merece destaque é a torcida tricolor, que não abandonou o clube nem quando estava na terceira divisão. O FCC fez algo interessante este ano e conseguiu ‘pintar’ o Estádio Olímpico de amarelo nos jogos do Estadual. Porém, não conseguiu dobrar a fanática torcida do CCR.
Agora, para quem diz que sou torcedor de um ou de outro, deixo claro o seguinte: como profissional da comunicação, apoiei ambos nessa caminhada até a elite. Foi assim com o FCC na terceira, depois na segunda, e nas quatro participações no Campeonato Paranaense. Tive o privilégio de ver o CCR na elite. E depois fiz essa mesma peregrinação do clube até o fundo do poço. E também segui o CCR nessa longa jornada até a primeira divisão. Digo primeira divisão porque apenas uma tragédia tiraria o clube da elite em 2019.
Tão entusiasta quanto eu para que este duelo finalmente aconteça está o técnico do CCR, Luis Carlos Cruz. “Estamos perto. Acho que nunca estivemos tão perto de ter o ‘clássico das serpentes’. E que honra para esta cidade. Um que carrega a tradição, que é o CCR, e o outro que traz um novo momento de organização e investimentos, que é o FCC. O futebol de Cascavel está de parabéns e a cidade está de parabéns”, disse Luis Carlos Cruz.
De qualquer maneira, se o acesso do CCR for consumado hoje, o treinador vai entrar para a história do clube. Isso porque, a arrancada para o acesso começou sob seu comando. Na primeira fase, o CCR foi dirigido por Agenor Piccinin nos primeiros sete jogos. Depois, André Astorga dirigiu o time de maneira interina nas duas rodadas finais. Em nove jogos, o time cascavelense somou onze pontos e teve 40% de aproveitamento. O CCR teve três vitórias, dois empates e quatro derrotas.
Na segunda fase, já sob o comando de Luis Carlos Cruz, o CCR somou dez pontos em quatro jogos, um aproveitamento de 83%. O treinador ainda está invicto no comando da equipe. Mesmo assim, Cruz faz questão de enfatizar o trabalho dos treinadores anteriores a ele e de todos os funcionários do clube.