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Cara ou coroa: sorte de quem ama a terra e a vida

07 abr 2022 às 15:33
Por: Luciano Neves

Os Jogos Escolares do Paraná (JEPS) sempre proporcionam belíssimas histórias. Isso é um fato. O importante é estar presente quando estas histórias acontecem, para que elas possam ser relatadas e eternizadas. Isso também é um fato. O Grupo Tarobá de Comunicação registrou um dos momentos mais épicos da fase municipal dos JEPS. Eu, Luciano Neves, digo isso porque acompanho as disputas da fase municipal como jornalista desde 2011. Talvez por isso eu tenha sido agraciado por registrar esse momento na manhã desta quinta como um presente para o Dia do Jornalista, celebrado no 7 de abril.

É fato também que, depois de dois anos de pausa forçada nos JEPS em virtude da pandemia, os alunos-atletas voltaram sedentos por conquistas. Justamente por isso, esse campo fértil de belas histórias se tornou mais fértil e mais frutífero. Quinta-feira, 7 de abril, fui acompanhar a definição do futsal feminino na categoria B. Primeiro, é preciso expor a situação: cinco times disputaram a competição, ou seja, todos se enfrentaram entre si. O Colégio Aprendendo com a Terra e com a Vida, que fica no Assentamento Valmir Motta, no interior de Cascavel, já havia feito os quatro jogos. Liderava o certame com dez pontos e estava com a mão na medalha de ouro. Só perderia o título inédito dos JEPS se o Marilis Pirotelli goleasse o Wilson Joffre por oito gols de diferença, uma missão dura, árdua...

Só que o Marilis conta com Milena. A camisa 15 marcou 14 dos vinte gols do time no campeonato. Só na última rodada, ela balançou as quatro vezes. Milena levou o time nas costas e, em cada bola na rede, aumentava a aflição do professor Adroaldo Klock, treinador do Colégio Aprendendo com a Vida. Por não ter transporte, ele não pôde levar as suas jogadoras para acompanhar o desfecho da competição. Foi um personagem solitário, que torceu veementemente para o Wilson Joffre, que até marcou um golzinho, quando perdia por 7 a 0. O 7 a 1 daria o título para a equipe do interior. Milena fez o 8 a 1. O drama aumentou para Adroaldo. Aliás, ele compartilhou esse drama com o time adversário. Isso porque, Aprendendo com a Terra e com a Vida e Marilis empataram em todos os quesitos: pontos, confronto direto, saldo de gols, gols marcados, gols sofridos, número de cartões... Ou seja, a decisão da medalha de ouro seria no sorteio, na moedinha. Justamente por isso que a definição das campeãs no futsal feminino foi épica... Eu nunca vi isso. E as pessoas que organizam os Jogos Escolares há anos não souberam dizer se esta situação já ocorreu no passado. Nesse sorteio, o título ficou mesmo com o Colégio Aprendendo com a Terra e com a Vida. Teve sorte, mas teve competência de chegar na última rodada com bom aproveitamento, tanto é que até o vice-campeão, Marilis, reconheceu a conquista e parabenizou o professor Adroaldo. E ele, com olhos marejados, fez a sua festa solitária. É bem verdade que, nesta sexta-feira (08), quando reencontrar suas heroínas na escola e fazer a entrega do troféu e das medalhas, a festa será gigantesca.

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A conquista das meninas do Colégio Aprendendo com a Terra e com a Vida ganhou mais notoriedade pela condição de treinamento. O professor Adroaldo relatou essas dificuldades. “Foi um jogo tenso. Ficamos aguardando minuto a minuto torcendo para o jogo acabar. Foi um sentimento de muita emoção pela oportunidade. Foi a primeira vez que a gente conseguiu avançar para a fase de grupos dos Jogos Escolares. As dificuldades são muitas porque não temos estrutura. Não temos um ginásio, uma quadra para treinar. Eu falei para as meninas desde o primeiro dia: ‘o fato de vocês virem só participar já são vitoriosas’. Corremos atrás de um uniforme. Até mesmo a chuteira, que algo básico do atleta, as nossas jogadoras tiveram que pegar emprestadas”, relatou o professor.

Na fase municipal, as meninas do Aprendendo com a Terra e com a Vida fizeram quatro jogos com três vitórias e um empate. Só que a saga épica destas heroínas não para por aí. Com o título conquistado na moedinha, elas estão classificadas para a fase regional dos JEPS. Serão as representantes de Cascavel no evento que será em Catanduvas, nos dias 06 a 11 de maio.

Fotos Luciano Neves

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